Políticos de todas Casas Legislativas e empresários da Zona Franca de Manaus já perderam qualquer esperança de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha qualquer gesto de boa vontade com o modelo econômico implantado no Estado desde 1967. Ele já é considerado o maior inimigo da manutenção dos incentivos fiscais das empresas instaladas no Distrito Industrial em todos os tempos, até mais do que o atual senador José Serra (PSDB), que atacou fortemente a ZFM quando exerceu foi o chefe da Fazenda no Governo Fernando Henrique Cardoso.
“Na série de ameaças à ZFM que temos visto por parte do ministro da Economia, Paulo Guedes, só podemos concluir que ele não conhece nem o Tratado de Tordesilhas e nem o mapa da região norte, onde fica claro que o Amazonas é o estado que mais preserva a floresta viva. Cada vez que ele ameaça o modelo, ameaça também a floresta amazônica e a população indígena. É chegado o momento de nos unirmos para combater esses ataques”, disse hoje o deputado estadual Serafim Corrêa (PSB), um dos maiores estudiosos do assunto.
Os senadores Eduardo Braga (MDB), Plínio Valério (PSDB) e Omar Aziz (PSD) também já afirmaram que a Zona Franca é inegociável e ameaçam boicotar qualquer texto de reforma tributária que ameaçar os incentivos fiscais do modelo. “É constitucional. O ministro, entretanto, tem afirmado reiteradamente que vai usar subterfúgios para não ter que alterar a Constituição. Isso é pior ainda. Mataria a ZFM por inanição”, diz o líder do MDB.
Ontem o deputado Silas Câmara (PRB), que dirige o maior grupo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso Nacional, que á Frente Parlamentar Evangélica, também foi duro com Paulo Guedes e ameaçou acionar o grupo para barrar qualquer proposta de reforma tributária que atinja o modelo.
Vereadores de Manaus e deputado estaduais também estão mobilizados para a guerra contra Paulo Guedes. Alguns deles usam expressões fortes contra ele. Hoje, Álvaro Campelo (PP) disse que o ministro “se comporta como um moleque”, quando o assunto é ZFM.
Acuados, os integrantes do PSL têm evitado se manifestar publicamente sobre o assunto, mas nos bastidores dizem que não vão aceitar nenhuma imposição do Governo Federal sobre a Zona Franca de Manaus. A interlocutores, o presidente da legenda no Amazonas, deputado federal Delegado Pablo, tem dito que vai ao presidente Jair Bolsonaro assim que possível fazer um apelo sobre o modelo. Tem a consciência de que, se as ameaças de Guedes se consumares, será difícil a vida dele e dos correligionários no Estado, nas próximas eleições.
Entre os empresários, a apreensão é grande e a mobilização para montar uma frente de enfrentamento ao ministro já começou. Para eles, as declarações recorrentes do ministro, criticando o modelo, indicam claramente que ele decidiu atacá-lo na reforma tributária.
A sensação de todos é a de que Guedes foi claudicante enquanto temia pela aprovação da Reforma da Previdência. Agora, com a mesma praticamente garantida, vai se soltar mais em relação a suas ideias, que incluem um ataque sistemático a todo e qualquer incentivo fiscal concedido no país.
“O problema é que o ministro quer acabar com os incentivos já, mas sem uma alternativa que seja tão eficaz quanto a Zona Franca a curto prazo. Isso é um crime de morte tanto para a arrecadação e os serviços públicos do Estado do Amazonas quanto para a preservação da floresta”, resume um dirigente de entidade empresarial, que preferiu não se identificar por temer represálias da Receita Federal.
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