Sem qualquer prova a não ser uma “denúncia” apresentada por um aposentado e suspeitas levantadas por uma empresa que perdeu a licitação, o jornal A Crítica de domingo afirma que o prefeito Arthur Neto e alguns de seus secretários serão alvo de representação junto ao Ministério Público por terem combinado a entrega do serviço de limpeza pública da cidade à empresa Mamute. O certame ocorreu no ano passado, já foi alvo de disputa judicial e nenhum indício foi encontrado contra as autoridades.

A Crítica tem lado na eleição municipal. Antes mesmo da campanha, o apresentador da TV A Crítica, Wilson Lima, foi indicado por dirigentes da Rede Calderaro para compor a chapa com Marcelo Ramos, como candidato a vice-prefeito. Depois do rompimento do prefeito Arthur Neto com o esquema montado pelo senador Omar Aziz e pelo governador José Melo, o radialista acabou cedendo seu lugar para o deputado Josué Neto, mas continuou participando da campanha.

No primeiro turno, o jornal publicou pesquisas da empresa Projeta, pertencendo a um funcionário da Assembleia Legislativa, comandada por Josué, indicando um equilíbrio entre Arthur e Marcelo, que não se verificou no dia da eleição. Agora no segundo tempo A Crítica volta a usar o projeto, que já divulgou levantamento indicando a liderança de Marcelo.

No domingo, dia em que o jornal costuma circular com mais exemplares, A Crítica tem usado suas edições para atacar Arthur. Foi assim na semana passada, quando reproduziu discurso da campanha de Marcelo, insinuando o envolvimento da Prefeitura de Manaus com a operação “Maus Caminhos” – coisa que a Polícia Federal não cogitou – e é assim de novo neste domingo, em que o jornal circula com cadernos especiais dedicados ao aniversário de Manaus.

Aliás, a matéria que contém a “denúncia” não é assinada por nenhum jornalista, o que normalmente acontece quando a “encomenda” vem da direção da empresa. Os profissionais não assinam para não ter seus nomes envolvidos com artimanhas políticas.

Muito provavelmente no próximo sábado, véspera da eleição, A Crítica publicará mais uma “pesquisa” da Projeta, indicando a vitória de Marcelo Ramos. É um enredo anunciado.

Infelizmente, trata-se de uma prática anti-ética, porque o jornal não assume que tem lado, como acontece com veículos de comunicação americanos em época de eleição. Dessa forma, tenta dar a suas publicações o selo de imparcialidade, enganando o leitor/ouvinte/telespectador.

Com a palavra, o Tribunal Regional Eleitoral.