A falta de manutenção nos ônibus por parte de empresas como a Açaí, que continuam a rodar em condições precárias de trafegabilidade, levou o vereador William Alemão (Cidadania) a cobrar maior fiscalização no sistema de transporte público. O assunto foi abordado no grande expediente desta terça-feira (11), na Câmara Municipal de Manaus (CMM), e resgatou uma discussão que já é antiga na casa, mas que ainda carece de soluções urgentes por parte da prefeitura.
Alemão apresentou uma síntese da viagem que fez dentro de um veículo da Açaí (linha 355), na última sexta-feira (11), e voltou a criticar o estado de sucateamento da frota, por falta de fiscais nas ruas e dentro das próprias empresas. O percurso começou na zona Norte e foi até o porto do Ceasa, na zona Sul. Isso aconteceu logo cedo, por volta das 7h, porque o parlamentar fez questão de realizar a viagem de volta no fim da tarde, só que em um ônibus de outra empresa (Integração), para comparar a qualidade do serviço oferecido aos usuários pela duas empresas.
“Os ônibus da Açaí estão caindo aos pedaços por falta de manutenção, por falta de respeito com o usuário. É algo que me dá urticária (irritação na pele). Nesse da linha 355, a caixa de rodas tinha um buraco que dá para enxergar os pneus rodando do lado de dentro do ônibus. E tem mais: não tem como conversar e, em cada freada, o veículo se treme todo; isso, com dez anos de rodagem. Na mesma rota peguei um com nove anos de idade, de outra empresa, mas com outra realidade, uma manutenção bem feita”, constatou.
Com a ação da última sexta-feira, o trabalho de fiscalização realizado com o apoio do gabinete móvel, entrou na terceira semana consecutiva. Alemão informou que tem recebido várias denúncias da população e observado diversas irregularidades no sistema, justamente porque os ônibus velhos continuam nas ruas. Na Açaí, além da 355, ele também constatou que a “frota nova” ainda não começou a rodar nas linhas 323 e 325.
“Já encaminhei ofício e agora estou à espera de um posicionamento do prefeito e do próprio IMMU sobre essa empresa, que teve 130 ônibus proibidos de rodar, ainda em dezembro do ano passado”, informou Alemão.
Ainda durante o pronunciamento, entre um “aparte” e outro feito pelos colegas vereadores, William Alemão ouviu sugestões de que seja feita uma audiência pública sobre o assunto, uma CPI e até uma nova intervenção em todo o sistema.
Resposta
A insistência do vereador em lidar com a problemática tem sido bem entendida pela população. Segundo ele, a resposta positiva é medida diariamente pela redes sociais e até mesmo nas ruas.
“Muitos usuários já me passam mensagens do tipo: depois que você começou a fiscalizar, agora tem ônibus novo rodando na linha. Isso representa a valorização do nosso trabalho, saber que somos vistos como políticos que realmente cumprem o papel que lhe é atribuído pela própria população”, definiu William Alemão.
Preocupação
A retirada dos tradicionais cobradores de circulação, a partir da utilização da nova frota, também foi motivo de preocupação, durante o pronunciamento.
“Pode ser muito bonito, muito legal, mas quando tudo estiver estruturado. Hoje, não tem a menor condição o motorista dirigir em vias com muito buraco, estreitas, em que o mesmo é forçado a descer do veículo para pedir que determinado cidadão retire o carro mal estacionado, para que ele poder passar normalmente. E ainda tem a questão de ele ter que descer para abrir a rampa de acesso à pessoa com deficiência, o cadeirante, porque a mesma não funciona. Pior é que, para a empresa, isso tudo é responsabilidade do motorista. Imaginem esse trabalhador sem o cobrador para lhe ajudar? Aí vai ficar muito mais difícil”, justificou.
Aglomerações
Ao fim da fala, William Alemão fez um breve comentário sobre as publicações de decretos que restringem, durante a pandemia, a permanência de pessoas em alguns lugares públicos. Conforme ele, o mesmo não funciona em relação aos ônibus, porque falta fiscalização também nesse sentido.
“É inadmissível nós assistirmos decretos governamentais em que proíbem ainda certas aglomerações, enquanto dentro dos ônibus, está tudo lotado. As pessoas têm que trabalhar, mas estão todas empilhadas lá dentro. É preciso fiscalizar”, insistiu.
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