O mastruz bateu a cloroquina

Há os que garantem ser a terra plana, e têm certeza de que a vacina Coronavac, por chinesa, contém um vírus ideológico.
Há os que não aceitam, até hoje, as teorias de Adam Smith.
Principalmente sua lei da oferta e demanda.
E, no entanto, ela está sendo ratificada e celebrada junto às populações humildes da Amazônia, principalmente Manaus, que certamente nunca o leram.
E também no circuito Elisabeth Arden dos granfinos, o pessoal do andar de cima, os bem nascidos.
Enquanto a vacina não chegava e a Covid-19 prosseguia e prossegue ceifando vidas, infectando a esmo, houve uma corrida generalizada em direção ao mastruz e ao jambu.
Isto porque a cloroquina e a ivermectina do capitão e do general, como preventivos, se revelaram mais dois grandes estelionatos.
De efeitos até desastrosos.
Mastruz e jambu, notadamente o primeiro, emergiram para o Olimpo da credibilidade, certeza absoluta na prevenção e combate às doenças respiratórias.
Um molho de mastruz, ou de jambu, cujo preço não ia além de R$3 ou R$5 reais, com a pandemia, aqui nas periferias, com as mortes acontecendo em ritmo exponencial, passaram a custar R$40, R$50.
Disputados a tapas.
A demanda bombou.
Um maço dessas duas plantas virou disputa acirrada nas feiras populares.
Consideradas medidas preventivas pela sabedoria popular, jogam na lata do lixo a cloroquina e assemelhados do ministério da Saúde.
Aqui na Amazônia Bolsonaro perdeu e arranhou sua imagem na busca de reeleição.
E a lei da oferta e procura, mais velha que jaboti de casco escuro, se exerceu em sua plenitude.
A erudita cloroquina do capitão e do general, mimo do ex-presidente Trump, comeu poeira.
Foi vencida pelo mastruz e jambu, plantinhas presentes em quaisquer quintais, principalmente onde se aloja o pessoal do andar debaixo, a gente das sandálias havaianas carcomidas.
A distinta e graciosa moça que os vende, plantados no quintal de sua casa, chora os mortos e torce para que os infectados sobrevivam.
E, no entanto, confessa que mesmo nunca tendo ouvido falar desse doutor “Esmite”, acha que ele está certo.
Bolsonaro, que não pensa em nada que não seja reeleição, com sua cloroquina e ivermectina, “vendidas” como panacéia, está com sua imagem arranhada.
Por aqui está comendo o pão que o diabo amassou, com o próprio rabo, disse um feirante sorrindo com discrição e elegância.