O crepúsculo dos caciques

Por Edilson Martins*

Há 63 milhões de anos teriam desaparecidos os dinossauros.

Reza a lenda.

Em verdade as espécies não cessam de desaparecer. Até a nossa, homo sapiens, sucede a meia dezena de outras já eliminadas.

Estas eleições de 2018 tiveram a força de um tsunami, um vendaval, a implosão de um meteoro.

Surgem os out-siders, assim como velhas raposas que perdem o pelo mas não a manha, parecem também se despedir.

Se Lula sinaliza que vem tendo sua validade vencendo desde 2013, há um outro, da velha-guarda, que parece também dar Adeus.

Amazonino Mendes.

Não reeleito para o governo do estado do Amazonas não há no país nenhum outro político com narrativa de mandatos tão redundantes quanto ele.

Quatro mandatos de governador e dois como prefeito de Manaus. Foi também senador.

Se aproximando dos 80 anos, nenhum produziu tanta polêmica, foi tão longe, tão amado, quanto odiado.

Criou a 1a cesta básica de que se tem notícia.

Deu 2 mil motosserras para desmatar.

Fundiu PM com polícia Civil.

Mais cacique, mais populista, impossível.

Enfim, ninguém melhor que o Negão, conforme se apresenta nas campanhas, para simbolizar a figura redonda, sem arestas, bem sucedida, vitoriosa, do velho Cacique.

De origem simples, barranca do rio Juruá, nunca houve, na história da Amazônia, um político que decifrasse tão bem os desejos das populações pobres.

Usou e abusou dessa virtude.

Curiosamente conhece Maquiavel de cabo a rabo.

Mesmo se despedindo, dando Adeus, como promete, o povo do Amazonas continuará escrevendo ao Coronel.

*O autor é jornalista e consultor