Por Arthur Virgílio Neto*
O ministro Paulo Guedes é talentoso e capaz. Tem a cabeça nas reformas estruturais e, se as conseguir, terá preparado o país para anos seguidos de crescimento econômico sustentável, com inflação baixa, desemprego cadente, renda menos injustamente distribuída.
Certamente entenderá e explicitará que a questão Zona Franca de Manaus não se limita ao tempo de duração dos incentivos fiscais que a têm sustentado. O modelo precisa de reformas profundas; não de limitações. Ele mantém a floresta em pé e, se fosse o contrário, o Brasil enfrentaria graves problemas políticos, diplomáticos e, no extremo, até mesmo militares.
Ele precisa de apoio claro e lúcido do governo federal; nossas internet e telefonia celular tornam os negócios mais lentos; não temos hidrovias e deveríamos começar a tê-las pelo rio Madeira; Manaus, que sedia o Polo Industrial vive à beira de um caos portuário; os resquícios da recente recessão econômica de 30 meses deixou sequelas sociais e econômicas perversas; o parque industrial, que ameaça cair em obsolescência, precisa urgentemente incorporar a biodiversidade ao seu processo produtivo.
São medidas urgentes. Devem começar a ser implementadas imediatamente. Restringir incentivos e desestimular as empresas a investir, significaria ameaçar a floresta e abrir espaço para graves repercussões aqui e no exterior.
O Amazonas é o maior pagador de tributos federais do Norte, que inclui Pará, Tocantins, Pará, Acre, Rondônia e Roraima. É credor e não devedor.
A floresta amazônica é um dos pontos mais fortes de mitigação das consequências inevitáveis, e já em curso, do aquecimento global. O presidente Trump é irresponsável quando se retira do Clube de Paris tenta negar a existência do aquecimento global.
É puro provincianismo ignorar a relevância planetária da Amazônia. Como dizia o Conselheiro Acácio, aquele de Machado de Assis, as consequências vêm depois.
É tempo de parceria verdadeira entre o Brasil e sua região mais estratégica. Estou seguro de que o ministro Paulo Guedes entenderá isso privilegiadamente. Quando o presidente Castelo Branco e Roberto Campos criaram a Zona Franca, pensavam, respectivamente, em segurança nacional e em desenvolvimento econômico. Hoje, temos o componente ambiental a tornar quadro mais delicado ainda.
Inescapável aceitar verdade tão cristalina.
Voltarei ao assunto nos próximos momentos.
*O autor é prefeito de Manaus
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