“Não vamos permitir que idosos sejam usados como trunfo na campanha”, diz ativista

O uso da imagem do idoso e o assédio a instituições ligadas à causa ficam evidentes nesse período eleitoral, por serem atraentes plataformas “puxadoras” de votos. “Não podemos deixar que pessoas em vulnerabilidade social sejam usadas como trunfo por candidatos durante as eleições”, ressalta o fisioterapeuta e especialista em gerontologia, Wanderley Correia, que desde 2019 dirige o Projeto Viver Mais, voltado ao público idoso.

“Amo minha cidade, amo os idosos e defendo essa pauta com muita responsabilidade. Sei que é possível construir um mundo melhor sem precisar fazer politicagem com os idosos. Mas, acredito que precisamos de apoio de pessoas capazes de ter um olhar sensível sobre eles”, afirma.

Em tempos de eleições, é muito comum que candidatos se aproximem de causas e projetos sociais para abraçar e “ganhar o coração” de quem simpatiza com os temas. Um dos públicos mais visados pelas campanhas de marketing é o de pessoas idosas, contingente que cresceu exponencialmente nos últimos anos.

Em pesquisa divulgada no mês de setembro pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nota-se uma maior participação dos idosos no processo eleitoral. A série histórica iniciada em 1992, apontava para um eleitorado idoso (acima de 60 anos na data do primeiro turno) de 10% da população apta a votar. Em 2000 o número saltou para 13%. No ano de 2010, 15% e em 2020, 20%. No Amazonas esse número é de 13% (337.604 eleitores idosos), com maioria (158 mil) em Manaus.

Correia reconhece a necessidade de se ter representantes comprometidos de verdade com causas sociais. “É imprescindível que causas como a dos idosos em situação de vulnerabilidade sejam pauta em debates políticos com zelo e responsabilidade, não apenas como falsas promessas”, enfatiza.

À frente do projeto desde 2019, ano de criação do Viver Mais, o gerontólogo afirma que fará essa cobrança como cidadão. “A população idosa está cansada e não pode esperar. Sempre acreditarei na mudança e na construção de uma nova sociedade”, desabafa.

De acordo com dados do TSE as eleições de 2020 terão 1.361 candidatos a vereador em Manaus, cidade com uma larga faixa de pessoas idosas e muitas dessas em situação de vulnerabilidade social. “Não façam propostas mentirosas. Em defesa de um envelhecimento sem maquiagem, peço para que apresentem à população idosa propostas decentes que promovam o envelhecimento ativo e saudável”.

Pauta obrigatória ou de momento?  

Para o profissional de marketing político e eleitoral Jefferson Coronel, existem “usos e usos” da pauta do idoso e demais minorias e grupos em situação de vulnerabilidade e o debate pode esclarecer até onde isso é saudável. “Estamos no período de campanha, quando quase tudo é válido. Mas devo enfatizar que existem usos e usos da pauta do idoso. Creio ser obrigatório incluir o tema em qualquer programa político. Mas o candidato precisa saber que algumas promessas não podem ser feitas por não serem de alçada da municipalidade”.

O especialista afirma que na verdade não há má fé por parte dos candidatos. “Muitos dos candidatos desconhecem as atribuições do cargo e acabam prometendo e se portando como chefes do Executivo durante a campanha. Mas isso é apenas falta de conscientização. Outros apropriam-se da pauta aproveitando a onda, o que vai ficar bonito na campanha, mas não vejo má fé. E se ela aparecer vai ser facilmente identificada e esse candidato não será eleito. Reafirmo aqui que o esclarecimento do que é papel do vereador evitaria esse tipo de comportamento. O debate é necessário”, disse.

Conscientização e esclarecimento também são propostos pelo gerontólogo. “É uma oportunidade para debater sobre o número da população idosa que vem crescendo a cada ano e realizar uma política séria desenvolvendo projetos que ajudem os idosos”, encerra o Wanderley Correia.

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