Coari/AM – Uma dívida deixada pelo ex-prefeito do município de Coari, Raimundo Magalhães (PRB), passou a ser o argumento utilizado pelo Ministério Público para buscar impedir a realização das festividades do 86º aniversário da cidade pela administração de Adail Filho, inclusive com ameaças de processo contra artistas convidados para o evento, como a cantora Marília Mendonça. Só que consta do sistema da Prefeitura o pagamento de R$ 11 milhões em salários no mês de dezembro de 2016, o que contraria o argumento dos promotores. Estes ainda não investigaram onde foi parar o dinheiro.
Conforme argumenta o MP, nos meses de novembro e dezembro do ano de 2016, não foram pagos pela prefeitura os salários dos servidores, aposentados e pensionistas, assim como o 13º salário. Raimundo Magalhães era o prefeito na época e, conforme moradores do município, assim que perdeu a eleição para Adail Filho, abandonou a cidade deixando de efetuar os pagamentos.
Com base nessa dívida e, alegando resumidamente que “os municípios em geral passam por dificuldades financeiras”, o órgão ministerial entrou com uma Ação Civil Pública para impedir que a administração de Adail Filho realize o aniversário da cidade bloqueando recursos e os trâmites de contratação com antecipação de tutela (quando a justiça antecipa os efeitos do julgamento do mérito).
Diante do pedido, a 1ª Vara da Comarca de Coari, que na ocasião estava sendo respondida pelo juiz André Luiz Muquy (titular da 2ª Vara da Comarca de Coari), na decisão do processo 0000506-07.2018.8.04.3801, indeferiu a antecipação do mérito concluindo que “para um argumento judicial se sobrepor ao de outro poder, deve haver uma fundamentação substancial, qualificada” e que na ação do MP “há falta de informação específica ao judiciário, havendo o Risco de efeitos sistêmicos”.
O magistrado cita ainda que uma ação como esta teria objeções como o risco a legitimidade democrática, politização da Justiça e capacidade institucional do Judiciário.
“A medida requerida faria com que este julgador substituísse a vontade do chefe do executivo, este que, ao menos em tese, deve ter mensurado os pros e contras na realização das contratações mencionadas. Considerando, por exemplo, aumento da receita com turismo e projeção do município para novos empreendedores”, considera ainda na decisão que permite a realização do aniversário da cidade.
Relação estremecida
Recentemente o prefeito Adail Filho denunciou e apresentou áudios onde o promotor Weslei Machado (foto acima) é citado como parte de um grupo que tentava realizar um golpe contra o poder executivo no município. A denúncia causou furor por parte da associação que representa os promotores no Amazonas, que emitiu nota falando que as acusações eram calúnias.
Em seguida, um grupo de oito promotores foi enviado para atuar em Coari.
Artistas intimidados
Mesmo diante da decisão judicial, os promotores do grupo de trabalho publicaram no Diário Oficial do MP/AM nº 1457, a recomendação 007/2018-2º PJC, em que ameaçam a cantora Marília Mendonça da acusação de improbidade administrativa se realizar seu show no município. Dentre os que assinam a recomendação está Weslei Machado.
Para o prefeito de Coari é um caso flagrante de intimidação, já que a justiça já deu seu parecer negando os argumentos do MP. Conforme ele o aniversário da cidade ocorrerá dentro do planejamento.
“A justiça já se manifestou sobre o caso e é quem tem a palavra final. É lamentável que artistas sejam intimidados e as políticas municipais para desenvolvimento do turismo sejam atacadas. As contas estão todas saneadas. Pela primeira vez na história do município, Coari tem recursos próprios para realização de obras e políticas de desenvolvimento. Tudo tem sido resultado de planejamento e gestão. O prefeito anterior não fez sua parte e sou eu, o povo e os artistas quem tem que sofrer as penalidades? Não faz nenhum sentido”, disse o prefeito em resposta à matéria.
Ainda conforme ele, já foi informado ao Ministério Público que no Sistema de pagamentos da Prefeitura consta no mês de dezembro de 2016 o pagamento de mais de R$ 11 milhões em salários. “Nós não reconhecemos essa dívida, pois consta esse pagamento de R$ 11 milhões em dezembro, conforme já informamos ao Ministério Público. Cabe a eles a responsabilidade de investigar agora se esses recursos foram pagos ao funcionalismo ou não pelo ex-prefeito. Não temos como dizer isto, pois ao recebermos a Prefeitura nenhum registro nesse sentido foi deixado pela administração anterior, o que nos impede de saber quem recebeu ou não”, finalizou.
Festa aguardada
Coari completará 86 anos e as festividades estão previstas para ocorrer nos dias 1 a 3 de Agosto, com a participação de Marília Mendonça, Matheus e Kauã e Léo Magalhães.
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