Mau trato a animal transforma-se em disputa política de protetores que concorrerão nas eleições deste ano

Tão logo viralizou ontem em Manaus o vídeo em que um motorista arrasta uma cadela pelas ruas de Manaus, amarrada ao para-choques de seu veículo, uma caminhonete vermelha, os protetores de animais que disputarão um mandato nas eleições de outubro foram às ruas e protagonizaram cenas cinematográficas em busca do holofote eleitoral. A deputada Joana Darc (União) apareceu correndo em câmera lenta, nas redes sociais, num filmeto intitulado “O Resgate do Corpo”, prometendo ir “até o fim” neste caso. Já o protetor Amauri Gomes, adversário dela, mostrou o passo a passo para localizar o homem e registrou um boletim de ocorrência contra ele ontem à noite.
O flagrante aconteceu na zona Norte de Manaus. O vídeo viralizou nas redes sociais e causou revolta popular. Amauri Gomes e o vereador Carpê Andrade (Republicanos), com apoio da 10ª Companhia Interativa Comunitária (Cicom), estiveram na casa do motorista ainda durante a tarde.

“Fui atrás do infrator pela atrocidade! Pela placa do veículo, eu consegui a identificação do motorista e o endereço dele, no bairro Alvorada II. Por telefone, ele me disse que a cadela estava morta há um dia e, por causa do odor, resolveu amarrá-la na traseira da picape e arrastá-la até o igarapé – onde descartou o corpo. Não vamos tolerar maus-tratos aos animais. Essa história não nos convenceu e vamos dar sequência com o processo de crime de maus-tratos. Ele não estava em casa, mas será notificado pela Justiça”, contou o protetor.

A versão dada pelo motorista é contestada pelos protetores. O animal foi encontrado na noite de ontem morto à beira do Igarapé do Passarinho, onde foi descartado pelo suspeito ainda com a corda no pescoço.

“Vale lembrar que descartar animais mortos em lugares inapropriados é crime previsto no Artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais. É passível de multa com valores entre R$ 500 e R$ 13 mil, dependendo do peso e da quantidade de animais. Além disso, ele pode ficar preso de um a quatro anos por poluição com danos à saúde humana”, destacou Amauri Gomes.

A “adversária”

“Vingaremos sua morte na Justiça. Prometi que vou atuar nesse caso até o fim. Ainda tínhamos esperanças de encontrar ela viva, mas infelizmente nos deparamos com ela amarrada e jogada no igarapé”, relatou, em tom dramático, Joana Darc em suas redes sociais

Vereadora eleita com menos votos em 2016, com 3.261 votos, Joana Darc conseguiu destacar-se no mandato, especialmente nos confrontos com o então presidente da Câmara Municipal, Wilker Barreto, e acabou se elegendo deputada estadual em 2018 com 26.816 votos. A partir daí, a atuação como protetora deu lugar a uma defesa intransigente do governo Wilson Lima (União). Ele foi líder dele na Assembleia Legislativa. No final de 2020, revoltou-se com a “desobediência” dos colegas que não quiseram votar na presidente apontada pelo governador, sua amiga Alessandra Campelo (PSC), e os acusou de receber R$ 200 mil para votar em Roberto Cidade (União), que acabou eleito. Foi levada ao Conselho de Ética, que votou por sua cassação, mas acabou “perdoada” depois de pedir desculpas em plenário.

Agora, às vésperas da eleição, Joana Darc retoma com forca sua atuação como protetora.

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