CPI da Afeam já tem assinaturas e revela fissura na base de apoio ao governo José Melo

Foi apresentada e protocolada hoje a proposta de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia Legislativa do Estado para investigar denúncias de irregularidades em contratos da Agência de Fomentos do Estado do Amazonas. Surpreendentemente, quatro deputados da base de apoio ao governador José Melo se reuniram aos cinco da oposição e garantiram o número mínimo de assinaturas para instalar a CPI.

Apresentaram a proposta os deputados José Ricardo Wendling (PT), Luiz Castro (Rede) e os peemedebistas Wanderley Dallas, Vicente Lopes e Alessandra Campêlo. Os governistas Bosco Saraiva (PSDB), Sinésio Campos (PT), Platiny Soares (DEM) e Cabo Maciel (PR) os acompanharam.

Tudo começou quando o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Ari Moutinho Junior, atendendo representação do Ministério Público de Contas, determinou o bloqueio de bens, no valor total de R$ 20 milhões, do atual diretor do órgão, Evandro Geber Filho, e de mais cinco funcionários da Agência, acusados de emprestar irregularmente a quantia à empresa carioca Transexpert Transporte de Valores.

“A Afeam deveria ser um órgão para apoiar os setores produtivos, as micro e pequenas empresas, as ações da economia solidária. Mas parece que o apoio está sendo para grandes empresários. Para transportadora de valores de propinas, de dinheiro roubado, e do Rio de Janeiro. Por isso, tem que ter CPI. Temos que investigar melhor esses contratos. Será que essa empresa não já transportou dinheiro de propina daqui do Amazonas?”, questionou José Ricardo.

De acordo com o Ministério Público de Contas, o fundo investido pelo grupo da Afeam possui elevado risco de investimento, com taxa de administração de 1,5%, considerada altíssima, em comparação com outros fundos de investimentos. E completa que a aplicação constitui medida temerária, em razão de uma série de pontos negativos, que denotam fortes indícios de má-aplicação de recursos públicos. Já a empresa Transexpert foi denunciada em rede nacional, envolvendo esquemas com o ex-governador do RJ, Sérgio Cabral, preso por decisão da Justiça Federal, e teve seu registro cancelado pela Polícia Federal.

Agora cabe à Mesa Diretora da Casa agilizar a instalação da CPI. Outra proposta de investigação, a da Saúde, continua parada, com apenas seis assinaturas.

Entre os dissidentes que assinaram a CPI da Afeam estão um tucano (Bosco), que finalmente acompanha o prefeito Arthur Neto no rompimento com o grupo do poder; dois insatisfeitos com o tratamento dispensado aos policiais tentando salvar os mandatos (Platiny e Maciel) e um petista pressionado pelas bases (Sinésio).

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