Luz das luzes 

No sábado que passou, em plena comemoração da Vigília Pascal em que a igreja católica celebra a ressurreição de Jesus, quis Deus nos brindar com mais um belo espetáculo da lua cheia.

Plena, exuberante, bela e enigmática, assim se portou a lua, trazendo mais uma vez e num dia tão especial, augúrios de luminosas bençãos para a humanidade, reverenciando o nosso Salvador que, sendo luz das luzes: “Eu sou a Luz do mundo! Quem me segue nunca andará em trevas mas terá a luz da vida.”(Jo, 8:12) se deixou imolar e morrer por nós numa cruz e ressuscitar, demonstrando o poder e o amor do Criador por suas criaturas.
Dia desses, recebi e compartilhei via redes sociais, uma belíssima montagem fotográfica, dessas em que as pessoas alcançam a lua ou o sol pelas mãos numa perspectiva de encher os olhos.
Um amigo meu, que viu essas imagens e é apaixonado pela lua, me desafiou a escrever um artigo sobre nosso satélite mor.
Disse a ele que esse era assunto para grandes escritores ou poetas de mão cheia, porém, o fato de a lua cheia coincidir com a celebração de um dos dias mais importantes para a cristandade e da semana santa, me obrigaram a escrever algo.
Apesar de não ter brilho próprio, posto que o clarão da lua advém do jato de luz emanado do sol especialmente em certos lugares ou em certas ocasiões, a lua cheia é e continuará a ser objeto de muita inspiração.
Poetas, escritores, compositores, estudiosos da astronomia, amantes apaixonados, menestréis, trovadores ou gente sensível como meu amigo Zequinha colega de turma do nosso saudoso Colégio Ruy Araújo, este que me desafiou a escrever este artigo, continuam a enxergar na lua a fonte inspiradora para devaneios e admiração.
Não há nesse nosso planeta quem tenha coragem de não lançar olhares especiais aos céus para contemplar a lua em dias de exuberante e pleno clarão.
Por muito tempo, tive a oportunidade de frequentar o sitio de um velho, querido e saudoso amigo chamado Maciel, lá pelas bandas da Am 010, em cujo terreno, margeando um gélido e lindo igarapé, se espraiava uma ponta de areia alva.
No início lá não havia luz elétrica, portanto, durante as noites mais frias em que a lua cheia derramava sobre o local seus fortes e indescritíveis raios luminosos, essa ponta de areia branca como véu, refletia o clarão do nosso satélite natural.
Quantas serenatas fizemos! Quantos saraus realizamos! Quantas noites inebriantes passamos nós, os frequentadores desse espaço abençoado, sob o resplendor silencioso porém, absolutamente tocante, da luz da lua.
Canções, versos, prosas, teses, palavras, películas, espetáculos teatrais, rimas e todos os tipos de texto até aqui escritos, não serão o suficiente para descrever, tampouco decifrar por completo, o que é a lua e seus insondáveis mistérios.
Meu saudoso e amado pai, Seo Sandoval, costumava cantarolar em casa umas canções das antigas(para mim as melhores) para minha igualmente amada e saudosa mãe D. Lélia.
Dentre essas canções, uma se destacava.
Chamava-se A deusa da minha rua interpretada magistralmente e imortalizada pelo inigualável Silvio Caldas.
O interessante, é que o poeta nessa letra, coloca a lua e até o astro rei em posições secundárias, ao enaltecer os olhos da mulher amada, fato este que não tira o brilho poético da canção tampouco desmerece a citação.
Diz ele: “A deusa da minha rua tem os olhos onde a lua costuma se embriagar. Nos teus olhos eu suponho que o sol num doirado sonho vai claridade buscar…”
Ficam valendo além do amor transformado em letra e canção, o gesto amoroso de quem canta e encanta as suas paixões, quem enaltece a lua como fonte inspiradora e quem reconhece o poder divino por ter criado e nos proporcionado algo tão maravilhoso a nos envolver em muitos dos nossos dias com seu brilho noturno para prolongar a luz ainda que “roubada” do sol.
Uma santa, abençoada e Feliz Páscoa para todos.
O Senhor ressurgiu Aleluia!
Té logo!