LAMBANÇAS NO TRANSPORTE COLETIVO

ronaldoQuem não se lembra no início dos anos de 1990, das manifestações com prisões, da depredação dos ônibus e das barricadas montadas pelos cidadãos manauaras revoltados com os péssimos serviços prestados pelas empresas de transporte coletivo e da leniência do poder público com os empresários que já naquela época, mandavam e desmandavam no setor, auferiam enormes lucros, mantinham uma frota carcomida pelo tempo e depois abandonavam a cidade e iam aplicar os mesmos golpes em outras plagas? Lembram quem era o prefeito?

Pois bem, decorridas duas décadas e meia, quase nada mudou. Aliás, muita coisa mudou porém pra pior, com a entrada de novos atores nesse cenário horroroso de desmandos, iresponsabilidades e interesses escusos, protagonizados ao meu sentir, por quatro entes que trabalham cada qual no se mundinho indidual e egoista onde o grande interessado e que deveria ser o maior beneficiário se essas entidades se entendessem que é o cidadão usuário desses serviços, na verdade vem sendo desde sempre o grande sacrificado.

O primeiro e principal agente, que como dono da concessão deveria zelar, fiscalizar, impor normas e gerenciar o sistema de transporte coletivo, o Prefeitura de Manaus, absolutamente não faz nem uma coisa nem outras. Os interresses politicos e eleitoreiros do prefeito se sobrepõem às necessidades da população. De um lado faz vista grossa e nao fiscaiza as péssimas condições da frota e do fluxo dos coletivos para que respeitem os horários e a quantidade de ônibus rodando; de outro lado não reforma, nem amplia e tampouco organiza os pontos de parada. Pra se ter uma idéia desse descalabro, é a propria população e os mororistas quem determinam onde os ônibus param. Tem parada de ônibus em frente a garagens, entrada e saída de hospitais e até no meio de pontes!

O prefeito, para não se indispor com os eleitores, segura o preço das passagens de modo artificial com subsídios, estes por sua vez, sustentados obviamente até por quem sequer sabe o que é uma linha de ônibus. As famigeradas planilhas do transporte coletivo as quais deveriam verdadeiramente espelhar a realidade dos custos do sistema para definir o valor da passagem, são calculadas e tratadas como segredo de estado, onde nenhum orgão fiscalizador como a própria Câmara Municipal, o Tribunal de Contas, o Ministério Público e algumas entidades de classe, sequer têm acesso ou sabem como estas são elaboradas. Vergonha das vergonhas!

Sua Excelência o Prefeito, sob as luzes do dia e diante da imprensa solta os cachorros nas empresas; de noite, sob a luz de velas, afaga os empresários em convescotes regados a bons vinhos, pra arrecadar fundos pra sua campanha. Tô mentindo?

O segundo ator dessa famigerada tragicomédia que há anos assistimos, são os dirigentes sindicais do setor. Ah povinho corrupto, interesseiro e violento!

Aqui em Manaus, o que acompanhamos de há muito,  é uma familia de baderneiros, achacadores politicos e transgressores da lei, os quais mandam e desmandam no principal sindicato da categoria, a dos motoristas e cobradores, fazendo destes massa de manobra para seus interesses politicos escusos. Uma hora se aliam aos empresários para tirar  proveito quando seus interreses sindicais individuais assim o exigem; outra vez se mancomunam com o poder politico de plantão a fim de  se locupletarem de vantagens politico eleitorais igualmente indivudualistas. E, nesse fogo cruzado de manobras e cruzetas, ficam o povo e os sindicalizados a ver navios.

O terceiro ator dessa lamentável ópera bufa são os empresários. Gananciosos, egoistas, insensíveis, mentirosos, financiadores interesseiros de campanhas, entre outros adjetivos menos merecedores, estes senhores useiros e vezeiros  em tripudiar sobre uma das necessidades mais básicas e esssenciais da população, driblam as leis e a fiscalização do sistema, auferem lucros exorbitantes, não renovam a frota, pagam péssimos salários aos empregados, ganham vultuosos subsídios públicos, e, quando é dos seus interesses mesquinhos, formam alianças espúrias com dirigentes sindicais e com agentes politicos numa vergonhosa trama para sustentarem um esquema de lucros e manterem um serviço de péssima qualidade para a população. Depois, esses empresários se mandam de Manaus, maquiam os ônibus velhos e os vendem para cidades menores, numa roda viva de transgressões e mandonismos bem ao caráter de bandidos engravatados.

O quarto e último ator, lamentávelmente tomando parte desse circo de horrores, é o Poder Judiciário comum e trabalhista que na maioria das vezes numa atitude contemplativa, vê este mesmo circo pegar fogo, ora se omitindo, ora exagerando na dose na emissão de liminares por cima de liminares muitas das quais desnecessárias e suspeitas, numa queda de braço com empresários, prefeito e sindicato.

Não vi, até onde alcança minha memória, uma acertada e duradoura decisão da justiça que ponha um freio nesse quadro dantesco de descumprimento das leis e da ordem por qualquer uma das partes envolvidas quando o assunto é transporte coletivo na cidade de Manaus.

Por vezes penso, que dirigentes sindicais, empresários e agentes públicos ficam num eterno esgarçar com a justiça testando os limites e a capacidade resolutiva desta, que na maioria das vezes vê suas determinações sendo descumpridas pelos mesmos atores os quais dão de ombros para uma justiça frouxa e  leniente.

Pobre povo sofredor! Infeliz usuário do sistema de transporte coletivo de Manaus, eterno joguete nas mãos dos poderes públicos, entidades, pessoas e políticos! Até quando?

Té logo!

SDS Ronaldo Derzy Amazonas

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