José Ricardo Weddling consegue superar o desgaste do PT e se coloca como alternativa real

“Se ele não fosse do PT, teria meu voto”. A frase vem sendo repetida à exaustão, especialmente por membros da classe média/alta que têm aversão total ao partido de Luiz Inácio Lula da Silva. No Amazonas, entretanto, um político petista tem superado este estigma e vem se firmando, eleição após eleição, como uma alternativa real de poder: o economista e deputado estadual José Ricardo Weddling.

Até o ano passado o deputado vivia à sombra de outro petista bem avaliado, Francisco Praciano. Depois que este se declarou aposentado e mudou-se para o Ceará, sua terra natal, muitos integrantes do partido chegaram a temer pelo futuro da legenda, principalmente depois do impeachment da presidente Dilma Roussef e dos sucessivos escândalos.

Foi quando José Ricardo brigou para ser candidato a prefeito de Manaus e fez uma campanha eficiente, valorizando o discurso da ética. Curiosamente, ele tem a imagem do político sério, honesto, que cultivou ao longo de sucessivos mandatos de vereador da capital e deputado estadual. Nunca se alinhou a nenhum Governo, mesmo quando o partido declarou apoio oficial. Foi muito criticado internamente por isso.

O sucesso na eleição municipal – 113 mil votos, praticamente empatado em terceiro ligar com o deputado federal evangélico Silas Câmara (PRB) – motivou a famosa militância petista, que ensaiou o ressurgimento. No segundo turno, José Ricardo preferiu ficar neutro. Se tivesse optado pelo apoio a Marcelo Ramos (PR), talvez mudasse o resultado final do pleito.

Este ano, pela primeira vez em muito tempo, o PT se uniu para apoiar a candidatura de José Ricardo ao Governo. É verdade que houve algumas dissidências na ala sindical comandada pelo ex-presidente da legenda, o comandante do Sindicato dos Metalúrgicos, Waldemir Santana. Mas o resultado final mostrou que isso não teve peso decisivo.

Enquanto candidatos como Marcelo Serafim (PSB) derrubaram o desempenho de seu grupo em relação a 2016 – teve pouco mais de 18 mil votos ou 1,2% do total, enquanto seu pai, Serafim Corrêa, terminou com 112 mil votos a eleição municipal do ano passado -, José Ricardo avançou para mais de 180 mil votos. Foi mal votado, é verdade, no interior, mas embolou com Eduardo Braga (PMDB) no segundo lugar da capital.

“Fizemos uma campanha simples, com apoio da população. Apresentamos propostas e soluções reais, com uma intervenção emergencial para combater a corrupção e ter recursos para melhorar a saúde, a segurança, a educação, a economia,  gerando oportunidades na capital e no interior, além de estruturar o Amazonas para planejar o futuro”, diz. “Reafirmo nosso compromisso de fiscalizar, de denunciar e de propor soluções para o Amazonas, seja quem forem os gestores. Nossa votação só confirma que, daqui para frente, o PT será protagonista na política deste Estado”, acrescenta, mantendo-se fiel ao estilo que adotou desde que decidiu disputar eleições.

José Ricardo é egresso dos movimentos católicos. Faz política até numa conversa informal, como a que teve com este blogueiro no início do atual processo eleitoral, ao visitar o escritório do blog (imagem acima). Estava feliz por causa da união de todas as correntes do partido e afirmou que iria priorizar a revisão dos contratos do Estado, como de fato pregou depois, ao longo da campanha.

Na saída desta visita ao blog, o jovem Zenio Neto, 18, o abordou com uma declaração de voto surpreendente: “Eu sou Bolsonaro, mas aqui voto em você”, disse o novo eleitor, que ontem fez o que havia prometido. “Foi um sofrimento apertar 13 ali, mas fiz isso consciente”, disse ele, alcançado no trajeto entre sua residência e a Faculdade de Engenharia da UEA.

Este é José Ricardo, o novo fenômeno eleitoral do Estado. Um nome acima do próprio partido.

 

Qual Sua Opinião? Comente:

Deixe uma resposta