Heróis sem nenhum caráter 

“Herói sem nenhum caráter”, foi o epíteto carimbado ao personagem, para mim, anti herói, Macunaíma, da obra prima do escritor brasileiro Mario de Andrade, extensão inclusive, do título do livro.
Há, em certos momentos da vida de um povo ou mesmo individualmente por parte de alguns, a santa ignorância de eleger heróis desprovidos dos mínimos requisitos morais para servirem de exemplo, posto que são a antítese de tudo o que há de mais virtuoso em muitos seres humanos.
Muitas vezes, temos a suprema ignorância de escolhermos certos personagens políticos, intelectuais, artísticos, religiosos ou até gente desconhecida, como heróis de alguma causa.
Eles vivem a serem retratados e exaltados como verdadeiros ícones do seu tempo e isso vai se cristalizando na mente e até emocionalmente na alma das pessoas. Do nada, esses anti heróis se transmutam de bandidos em mocinhos num passe de mágica.
Autores biográficos, jornalistas, roteiristas, escritores e diretores de arte, gastam neurônios e tempo, a dourarem a pílula sobre personagens pra lá de controversos, criando em torno destes uma aura de bons cidadãos e cidadãs acima de quaisquer suspeitas.
Para desatentos, incautos e desconhecedores da verdade e da verdadeira vida pregressa desses pseudo heróis, o que se retrata nos livros, nas novelas e nos filmes, fica plantado por meio de uma falsa narrativa, cujo intuito é passar o pano num passado horroroso e cheio de máculas de ladrões, assassinos, corruptos, fascínoras e pusilânimes.
Há quem leia, assista e até aplauda essas obras plenas de mentiras. São como estórias da carochinha pois não passam de tentativas de se alterar a história ao querer transformar gente de má reputação em anjos.
A última dessas infelizes e insidiosas tentativas, é o filme bisonho que retrata parte da vida do guerrilheiro Carlos  Mariguela que, de assassino cruel e covarde, é retratado como herói de um tempo político sombrio do passado nosso país.
Não assisti e nem vou me dar ao incômodo de assistir ao filme, dado que conheço profundamente a vida, a trajetória e os métodos infames com que esse anti herói pontificou sua passagem pelos porões do comunismo e quis implantar uma ditadura onde prevaleceria o ódio e a vingança sobre aqueles que ele elegeu como inimigos e assassino alguns deles.
Tanta gente boa por aí cuja história de vida exemplar e cujo passado enche belas páginas de um livro ou as telas da TV e do cinema, entretanto, ainda há gente disposta em gastar tempo e dinheiro, criando arte de duvidoso gosto e repletas de mentiras cujo lixo seria o melhor destino.
O que querem é ressignificar um passado negativo e cheio de controvérsias sobre atitudes repugnáveis de muitos que merecem, se muito, o ostracismo definitivo.
Que aprendamos a cultuar os verdadeiros heróis e render homenagens e galardões aos verdadeiros heróis da vida nacional em todos os seus mais profundos e significativos exemplos.
Por menos Macunaímas e Mariguelas e mais Tiradentes e Ajuricabas.
Té logo!