Dados do Departamento de Atendimento ao Paciente da Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), aponta que, de janeiro a agosto deste ano, no Amazonas, foram registrados 31 novos casos de câncer infantojuvenil, ou seja, uma média de um caso por semana.
As leucemias e os linfomas estão entre os tipos de câncer mais comuns na faixa etária de 0 a 18 anos. Essas estatísticas consideram apenas os atendimentos realizados pelo Hemoam, via Sistema Único de Saúde (SUS).
Ainda não há estudos que definem as causas da leucemia e dos linfomas em crianças e adolescentes. No entanto, a identificação da doença ainda no estagio inicial é a melhor prevenção da morte dos pacientes.
Pensando nisso, no mês de setembro, no Brasil, os órgãos de saúde que atuam no tratamento do câncer adotaram a cor dourada como forma de conscientizar para o diagnóstico precoce, cuidados e, consequentemente, aumentar as chances de cura do câncer em crianças e adolescentes. A proposta é deixar um alerta para os pais e responsáveis sobre os sintomas que podem aparecer a qualquer momento independentemente de precedentes.
Kaylla Grabrielle, de quatro anos, foi diagnosticada em abril deste ano com Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA). O diagnóstico ocorreu após um mês com sintomas de febre, enjoo e dores de cabeça constante. A mãe da menina, Ketlen Dantas, conta que um simples exame de hemograma sinalizou para a possibilidade de Leucemia. Entre o diagnóstico e o início do tratamento no Hemoam foram 72 horas.
Esse é o prazo máximo e considerado ideal para início do tratamento após o diagnóstico da Leucemia, conforme esclarece a médica hematologista pediatra e diretora-presidente do Hemoam, Socorro Sampaio.
“O diagnóstico e tratamento precoce é determinante para aumentar as chances de cura da doença. Com o diagnóstico podemos identificar o tipo de leucemia e tratamento mais adequado. Dependendo do caso, as chances de cura podem chegar a 90%”, disse a médica.
Sintomas – Por ser considerado um câncer líquido, com origem na medula óssea, onde são produzidos todos os componentes do sangue como as hemácias, plaquetas e os leucócitos, é importante combater o quanto antes as células leucêmicas que podem rapidamente ocupar o espaço da medula e diminuir drasticamente a produção desses componentes do sangue.
“Quando ocorre a ocupação da medula pelas células cancerígenas as consequências são em geral o aparecimento de manhas roxas, parecidas com hematomas, febre constante, sangramentos, dores ósseas, caroços e inchaços visíveis na região do abdômen, perda de peso, sonolência e vômito”, pontuou a médica ao listar os sintomas mais comuns.
Quando há o aparecimento dessas ocorrências é necessário que os pais ou responsáveis estejam atentos e procurem ajuda profissional. “Um simples hemograma pode indicar a existência da leucemia”, orientou.
Foi assim no caso de Natanael Cauassa, de sete anos. No dia 19 de agosto passado, ele recebeu alta do tratamento de quimioterapia, após três anos combatendo uma Leucemia. Natanael foi um exemplo de que o diagnóstico precoce faz toda a diferença. Entre os sintomas, diagnóstico e o início do tratamento, o tempo foi de 45 dias. Agora, o garoto já está levando uma vida normal, apenas com acompanhamento de rotina no Hemoam.
Quimioterapia x transplante – O Tratamento das leucemias e dos linfomas é realizado principalmente com quimioterapia. A administração dos quimioterápicos é a prioridade e apresentam maior taxa de cura na maioria dos casos, de acordo com Socorro Sampaio. As chances de cura com a quimioterapia variam de 50% a 90%, dependendo do caso.
“O transplante de medula é indicado como alternativa quando o organismo do paciente não responde positivamente à quimioterapia. As chances de cura com o transplante de medula óssea chegam a 60%”, avaliou a hematologista pediatra.
Dados Gerais
– De janeiro de 2018 a agosto de 2019, o Hemoam realizou 2.314 – atendimentos onco-hematológicos infanto-juvenil.
– Foram atendidas 213 crianças com câncer, com faixa etária média de 7,5 anos;
– De janeiro de 2018 até hoje, 88 casos novos foram atendidos pelo SUS.
Ocorrência por faixa etária:
- Menor que 1 ano = 6 pacientes (2,69%)
- De 1 a 9 anos = 123 pacientes (55,15%)
- 9 a 18 anos = 84 pacientes (37,67%)
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