Fundos à mostra

Há anos a Congresso Nacional durante a votação de uma Mini reforma eleitoral, decidiu que as eleições não mais teriam o financiamento privado.

Era a tentativa de acabar com o poder econômico das grandes corporações e de ricos empresários de bancarem candidaturas para depois cobrar retorno.
Daí em diante seria criado um fundo partidário com recursos totalmente públicos, onde a divisão da grana seria proporcional ao tamanho das bancadas federais eleitas no pleito imediatamente anterior.
Apesar de ser contra essa forma de corrigir um monstrengo que existia, imaginei que pelo menos o poder econômico privado teria menor peso sobre a eleição de bancadas as quais lhes fossem fiéis e estas atuariam com mais independência.
Na primeira eleição já com a nova ordem de financiamento público das campanhas, o orçamento federal foi votado e dispôs algo em torno de 2 bilhões de reais aos partidos políticos.
Adveio aí, que o caciquismo partidário como sempre, aproveitou-se de uma norma salutar, para arvorar-se dono dos recursos e, com aquele apetite voraz, definiu quem, no partido, deveria receber mais grana que outros.
Outra, era tanta grana mas mãos dos partidos, que muitos dos cartolas partidários saíram por aí comprando aviões, alugando frota de veículos, comprando espaços ou gastando a torto e à direito sem nenhuma obrigação de prestarem contas ao governo ou à sociedade. Muitos enriqueceram de lá para cá.
E o que se assiste hoje no Congresso Nacional quando está em votação a Lei de Diretrizes Orçamentárias?
Simplesmente, em meio a discussões inférteis, atitudes inapropriadas e manobras imorais, o parlamento brasileiro aprova um aumento de mais de 150% no Fundo Partidário que saltará de 2 bilhões para mais de 5 bilhões nas próximas eleições.
Haverá partido que receberá mais de 300 milhões de uma tacada só. Credo!
Não sei em que planeta nasceram e vivem nossos nobilíssimos deputados os quais, insensíveis à crise sanitária e de desemprego, fome e desalento com o futuro do país, resolvem na calada da noite aprovar uma imoralidade dessas.
Um país carcomido pela dificuldade fiscal, com inflação em alta, com déficit nas contas públicas, endividamento interno crescente e sem grana para realizar os investimentos sanitários na infraestrutura e na educação, vai agora pagar também a altíssima conta das eleições e encher de bufunfa os cartolas partidários?
Em sã consciência não me agrada a medida e penso que a sociedade brasileira há que reagir contra essa absurda votação pois não nos encontramos, enquanto país em dificuldades, em condições de sair por aí bancando candidaturas e enriquecendo partidos políticos.
Penso ainda que o Presidente da República tem o dever moral de vetar esse aumento do Fundo Partidário com o que estará resgatando a moralidade pública colocando no lugar e na quantidade correta o dinheiro suado da nossa gente.
Tomem tento senhores parlamentares e parem de agir pensando que somos um país nadando em dinheiro para que vossas excelências saiam por aí esbanjando com gastos desnecessários num momento tão delicado e tão grave da vida do país.
Há clareza de que as campanhas eleitorais devem sim ser financiadas com dinheiro público, entretanto, há igualmente limites a serem impostos nessa sanha maldita de investir pra cima do orçamento público e de lá retirarem o que quiserem para fazerem o que bem entenderem.
Não foi para isso que chegaram aonde chegaram pois os eleitores brasileiros estão de olho em cada manobra que praticarem.
Té logo!