Fogaça exclusivo para o blog: ” Comeria todos os dias arroz, feijão, ovo frito e farofa. Não tem nada igual”

Por Paulo Ricardo Oliveira, de São Paulo

Henrique Fogaça, 42, vive a intensidade da fama e da vida corrida sempre sob altas temperaturas. Renomado chef de cozinha que faz questão de não perder a essência de cozinheiro, o quarentão de corpo tomado por tatuagens e cara de durão divide um pouco do que pensa sobre a vida, o país e suas impressões de Manaus com o blog em entrevista exclusiva a seguir.

Henrique se contorce para dar conta de dois restaurantes em São Paulo, do qual um é o dono (Sal Gastronomia, em Higienópolis) e a lanchonete elegante Cão Véio (no bairro de Pinheiros), que administra em sociedade, além das participações no Master Chef Brasil, da Band; no programa 200 Graus, do Discorevy Home & Health; nos shows de gravações da banda de hardcore denominada Oitão; em ações sociais que ensinam crianças e jovens com síndrome de Down a cozinhar e em campanhas do moto clube ao qual pertence de doações a institutos do câncer. Ufa!

Ainda tem mais: Henrique, que pelo jeito durão ganhou o apelido de pitbull da alta gastronomia também faz aulas semanais de Muay Thai para desanuviar o estresse e arrumar disposição para tantos compromissos. “Tenho um coração mole”, garante.

Blog – Você já participou de uma edição especial do Master Chefe Brasil em Manaus e, de vez em quando, volta à cidade para eventos que envolvem gastronomia. Qual a sua impressão de Manaus, das pessoas, da comida, dos ingredientes locais?

Henrique – Cara, Manaus tem um povo muito receptivo, animado, eufórico, alegre… É gostoso você sentir isso no povo. Legal sair de São Paulo, da correria de sempre, pegar avião, chegar cansado, mas ser recebido assim. Tive boa impressão da cidade, das pessoas e, é claro, da gastronomia, dos ingredientes variados amazônicos.

Blog – Você pratica Muay Thai desde 1996. Há outros exercícios físicos que você faça, musculação, ioga, outras lutas? Que benefícios a malhação proporciona a você em particular?

Henrique – Eu me sinto melhor quando faço exercícios, menos estressado, melhor da cabeça. O corpo funciona melhor. Eu recomendo a atividade física para uma vida mais saudável.

Blog – Você é hoje um chef renomado que faz questão de não perder a essência do cozinheiro. E em casa, como funciona isso? Qual a comida que você prefere comer? Qual o prato que você gosta de fazer em casa, por exemplo?

Henrique – Em casa eu tenho tão pouco tempo que nem cozinhar eu consigo, rapaz. (risos). Estou numa rotina bem puxada. Mas se pudesse escolher uma comida para todos os dias seria o arroz, feijão, ovo frito e farofa. (risos) Nada igual…

Blog – Como administrar o tempo com a vida intensa que você vive, com gravações de programas, comerciais, palestras, cursos, projeto social, gerir seus restaurantes, gravações e shows do Oitão, tempo com a família, amigos?

Henrique – “Cara, eu costumo dizer que faço o que gosto. E faço mesmo!. Faço porque gosto de fazer. Então, tenho que arrumar tempo para me satisfazer com tudo… Faz parte. Fica corrido, mas é prazeroso. Tudo que faço na vida é com o coração.

Blog – Falando em projeto social, como surgiu a ideia de ensinar crianças especiais a cozinhar, onde funciona esse projeto, quantas crianças você atende e que tipo de retorno pessoal – não financeiro – você tem com essa ação?

Henrique – Foi um convite que eu recebi dos Chefs Especiais. É um projeto muito interessante aqui de São Paulo. Se cada um fizesse um pouquinho pelo outro, viveríamos num mundo muito melhor. Penso nisso e procuro fazer minha parte. A alegria é grande em conviver com os chefs.

Blog – Sobre o Master Chef Brasil, que tipo de aprendizado você tira dali como jurado e quais as qualidades, na sua opinião, os participantes devem ter para serem bons chefs?

Henrique – Dedicação é fundamental na minha opinião! Estudo e persistência complementam o segredo do sucesso. No Master Chef a gente vê muito disso, a gente vê a evolução dos participantes. Isso é muito gratificante.

Blog – O Brasil vive uma crise financeira que afeta o mercado da gastronomia direta e indiretamente. Sabemos que, para dar qualidade ao paladar, os chefs recorrem a ingredientes selecionados, que, em geral, custam mais caro. Como driblar essa crise de forma que ela não interfira na qualidade do prato a ser servido nos restaurantes?

Henrique – É complicado… O orçamento é algo a ser bem administrado. Mas comida não pode ser tida como artigo de luxo. Se o insumo está mais caro, não vai ter jeito, temos que repassar pelo menos uma parte pequena para o preço final. Mas o que não pode acontecer é cobrar absurdo por um insumo barato e aumentar ainda mais no caso de aumento dos preços. Isso vai tomando uma proporção gigantesca. Não trabalho assim. Cobro o que é justo. E quem vai no meu restaurante não pode sair com fome!

Blog – Além de crise financeira, estamos em plena crise política. Qual a sua análise sobre o impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma, a posse do vice Michel Temer, políticos envolvidos até o pescoço na Lava Jato, a administração da cidade de São Paulo agora por um empresário (João Dória/PSDB)?

Henrique – O problema não é apenas a administração porque senão a gente pode cair naquele famigerado ditado ‘rouba, mas faz’. Isso não está certo. Nossa crise é geral. É a crise do ser humano. Cada vez mais temos valores invertidos, é isso que tem que mudar. É desonestidade, é corrupção. Isso é errado e não cabe mais no mundo de hoje no Brasil.

Blog – E qual o próximo passo da banda Oitão? tem CD sendo gravado, shows marcados, turnê definida?

Henrique – Estamos fazendo uma série de shows, não uma turnê. Temos vários shows já agendados por exemplo, no Rio de Janeiro, em Brasília, no Paraná… Turnê fica complicado por conta das nossas agendas. Mas estamos num ritmo legal de trampo.

Blog – Qual(is) o(s) projeto(s) que falta(m) para você realizar no plano pessoal?  

Henrique – O céu é o limite. Procuro viver um dia de cada vez. Sei que já fui bem longe. Mas ainda tenho muito a realizar no plano pessoal.

 

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