Famílias de pacientes renais mortos por falta de assistência do Estado decidem ir à Justiça buscar indenizações

Aproximadamente 200 pacientes renais crônicos já foram vítimas da “fila da morte” no sistema público de saúde do Estado. Para buscar justiça, a Associação dos Pacientes Renais Crônicos (Arcam) procurou a deputada estadual Alessandra Campêlo (PMDB) na tarde da segunda-feira (17) e ficou definido que a parlamentar encabeçará um movimento que para buscar junto ao governo a indenização para as famílias das vítimas.

A ação, segundo a deputada, será encaminhada à Defensoria Pública Estadual (DPE) e ao Ministério Público do Estado (MPE). O objetivo é responsabilizar o Governo pelas mortes tanto pelo atendimento precário na hemodiálise quanto pela suspensão dos transplantes na rede estadual de saúde. Está prevista também a realização de uma grande Audiência Pública para discutir o assunto no âmbito do Parlamento Estadual.

Na justificativa para ingressar com o pedido coletivo de indenização, Alessandra compara o caso dos renais crônicos com o das famílias dos internos mortos nas rebeliões que resultaram em mais de 60 vítimas no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa e Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) no começo do ano. Naquela oportunidade, o governo procurou a Defensoria e tomou a iniciativa de fazer um acordo para indenizar as famílias dos presos. A deputada entende que o tratamento deve ser igual, pois a Susam é a responsável pelas mortes no sistema de saúde do Estado.

Entenda o problema

A situação é antiga. Só no começo de 2016, Alessandra denunciou na tribuna da Assembleia Legislativa a morte de 78 pacientes renais crônicos, somente no Hospital 28 de Agosto. De lá para cá, as estatísticas só pioraram, pois ocorreram óbitos em outros hospitais.

De acordo Thiago Coelho, representante da Arcam – entidade que reúne aproximadamente 1.600 associados no Estado –, o principal problema enfrentado é suspensão dos transplantes. Com isso, cresceu a demanda pelo atendimento nas clínicas de hemodiálise sob a responsabilidade do governo. “Hoje são quase 200 vítimas da fila da morte da Susam”, denunciou.

Para Thiago, é preciso também normalizar a distribuição de medicamentos aos pacientes e retomar os transplantes. “A retomada dos transplantes é o que ajudaria a resolver o problema, mas infelizmente o Governo suspendeu esse serviço e piorou a situação dos pacientes renais crônicos”, explicou Coelho.

Os familiares das vítimas que tiverem interesse em ingressar com pedido de indenização coletiva devem procurar a Arcam ou o gabinete da deputada, que funciona no segundo andar do prédio da Assembleia Legislativa do Amazonas.

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