Entre golpes e conquistas 

Enfim, chegou a bom termo com aprovação por unanimidade na Assembleia Legislativa, da lei que transforma a Fundação Alfredo da Matta em hospital, um sonho antigo de gestores e servidores da instituição e, sobretudo, dos usuários do SUS.

Dividindo a história mais recente da FUHAM em quatro fases áureas e bem distintas nas suas mais de seis décadas de existência, devo lembrar que três destas foram alcançadas quando eu estava na presidência da entidade: a transformação em Fundação, a efetivação como Centro Colaborador da OMS ambas em 1998 e agora, em 2021, a consolidação como Unidade Hospitalar.
Mas não foi fácil alcançar esses patamares!
Muita emoção envolvida e sobretudo muita dedicação e muita luta, suor e lágrimas.
Presentemente, no caso da transformação em Hospital, a nota triste e lamentável que se deve registrar, foi protagonizada novamente por aqueles e aquelas que não dormem e gastam energia tramando nos porões contra esses avanços.
Como diria Mário Quintana:”Eles passarão, nós passarinho.”
Mas é preciso enfatizar que, no meio dessa onda de tentativas desastradas de tentar paralisar essas conquistas, eis que do nada, surge um personagem do qual menos se poderia esperar que apoiasse aqueles e aquelas que tentariam travar essa conquista.
Falo de um sobrenomado parlamentar estadual de primeiro mandato, portanto, novinho na arte de exercer o múnus sagrado de bem servir ao povo que o elegeu, por isso mesmo, perdoável pela sua inexperiência, despreparo e pela sua tenra idade para o exercício de um cargo de tamanha relevância política e social.
Manda a boa prática parlamentar, que ante uma situação conflituosa em que pairem dúvidas sobre determinado tema, ouça-se os dois lados.
Não foi o que o deputado novinho fez!
Pelo contrário, escutando apenas um lado da história, tentou emendar o Projeto de Lei-PL com uma proposta que em nada se coadunava com o busílis da norma em votação.
Derrotado fragorosamente nas instâncias legislativas, assistiu o PL ser aprovado em plenário até com seu próprio voto, porquanto, tardiamente, quedou-se à necessidade de apoiar o projeto na forma original como enviado pelo Governo para a Casa do Povo.
Mas, o deputado de primeiro mandado, não se deu por derrotado e, da sua confortável poltrona do parlamento usando da arrogância própria de gente mimada, destilou uma série de bobagens e até de ameaças contra o gestor da Fundação, por um acaso, este que escreve esta coluna.
No seu lamentável e pueril discurso, destaco duas passagens: primeiro aquela em que afirma que eu ocupo lugar que seria de médico na presidência da FUHAM e segundo, quando desafortunadamente, me ameaça com devassa nas contas da instituição que gerencio. Como assim  cara pálida?
Nem uma coisa nem outra nobilíssimo deputado!
Não há exclusividade de nenhuma categoria na ocupação do cargo que exerço, e, como Farmacêutico, sei que dignifico minha formação acadêmica e minha categoria onde quer eu atue.
A uma, porque o ocupante do cargo de gestor de qualquer entidade de saúde, não exercerá a função para fazer consultas, cirurgias, exames ou outros procedimentos da sua profissão. Ele tem apenas que ter competência gerencial, administrativa, política e acima de tudo lealdade, honestidade e compromisso no exercício do cargo.
A duas porque no caso das Fundações de Saúde do Estado, os presidentes devem passar pelo crivo de um processo seletivo interno em lista tríplice a fim de ser nomeado pelo Governador.
Lembro ainda ao ilustríssimo deputado que, no início da gestão deste governo, dos sete dirigentes das Fundações de Saúde, quatro destes não eram médicos e três eram Farmacêuticos incluindo a saudosa Dra Rosemary Costa Pinto ex Presidente da FVS que, com raro brilhantismo, executou uma das mais eficazes gestões naquele órgão sanitário que hoje honrosamente carrega seu nome.
Ademais, se essa fala retrógrada do deputado fosse coerente, seu meio irmão que é Biólogo, não estaria ocupando o lugar de Diretor Geral do maior Hospital e Pronto Socorro do Estado.
Sobre as ameaças veladas de devassa na FUHAM e de possíveis interesses deste gestor em recursos que ingressarão na instituição a partir da nova tipologia como Hospital, devo afirmar o seguinte: 1. Tenho 63 anos de idade, 43 deles vividos na Fundação, 16 anos ocupando cargos de confiança sendo 11 destes na Presidência; 2. Todas as minhas contas foram provadas pelo Tribunal de Contas sem aplicação de nenhum centavo de multa; 3. Defendo e venero, por convicção humana, por exemplar mérito paterno e materno e por dever de cidadão e de gestor, sete grandes virtudes: minha biografia, minha família, meu sobrenome, minha fé cristã católica, minha profissão, o cargo que ocupo e sobretudo a minha honra.
Eu, e os demais gestores da Fundação, seguimos à risca a cartilha das boas práticas da administração pública e somos instados a todo momento a fazer o CORRETO e o CORRETAMENTE portanto, não tememos auditoria alguma partam de onde partirem, e nem nos escusamos de responder a quaisquer investigações ou sindicâncias sérias dos órgãos de controle como sempre o fizemos e de cabeça erguida e consciência tranquila.
Há uma prática na FUHAM, um verdadeiro axioma, imposto e seguido obsessivamente por todos os gestores incluindo seu Presidente, que reza:Quem COMPRA não paga! Quem PAGA não recebe! E quem RECEBE não compra!
O deputado deve aprender e vivenciar, de que não existe a figura do dono das instituições de controle nem estas, por óbvio, devem estar a serviço de nenhum político e sob tutela de nenhum feudo familiar.
Faço publicamente um convite ao deputado para que se, e quando quiser e sem agendamento prévio, fazer uma visita à Fundação Alfredo da Matta para, in loco, conhecer nossos projetos, nossas atividades e saber também das nossas fragilidades que são gigantescas e, quem sabe, como parlamentar, ajudar a instituição a vencer as dificuldades que a todo momento se nos impõem.
Aliás Deputado, atenda àquela emenda parlamentar protocolizada em seu gabinete e destinada para a Fundação Alfredo da Matta que assim Vossa Excelência estará contribuindo e muito para minorar nossas dificuldades financeiras em 2022.
O exercício da vida pública, repete quase que imperiosamente, a trajetória da vida humana. Nascemos, colocam-nos fraldas a fim de não sujarmos os ambientes, aprendemos a andar, falar, socializar, respeitar regras, ouvir os outros e crescemos.
Penso que o nobre deputado ainda precisa vivenciar e ultrapassar essas primeiras fases na sua práxis parlamentar.
Registro, por oportuno, em nome da FUHAM, os agradecimentos pelas atitudes, pelos posicionamentos e votos favoráveis de todos os deputados que compreenderam e assumiram a importância da matéria em análise que só carrega consigo inúmeras vantagens para a instituição e para o povo do nosso estado, esse, sem dúvida, o maior beneficiário.
Mas quero, por dever de gratidão, reconhecer que a defesa do meu nome feita pelos Deputados Serafim Corrêa, Delegado Péricles e Dr Gomes, a mim me comoveram porquanto, são conhecedores do meu caráter e sabedores da minha capacidade gerencial e do meu compromisso com a saúde pública.
Abro um parágrafo especial para agradecer em meu nome e em nome da Fundação Alfredo da Matta, ao Deputado Sinésio Campos posto que não fosse sua irrepreensível atuação desde o primeiro momento em que nosso Projeto de Lei foi infantil e injustificadamente atacado, talvez o mesmo tivesse sido desfigurado e perdesse a sua essência e a sua finalidade.
Aqui na FUHAM, nós continuaremos trabalhando, avançando e executando atividades em prol do usuário do SUS com competência técnica e administrativa, humanização, dedicação e sobretudo honestidade e capacidade gerencial como sempre o fizemos.
Por fim, deixo para reflexão, uma frase do eminente historiador pátrio BORIS FAUSTO:”O problema de alguns é carregar essa ideia reinante de que ninguém presta…”.
E ouso emendar FAUSTO:…ainda há gente de bem por aí!
Té logo!