O meio político aguarda com muita ansiedade o posicionamento do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), em relação á eleição deste ano. Até maio era dado como certo o apoio dele ao senador Omar Aziz (PSD) na disputa pelo Governo do Estado. Em junho tudo mudou. O tucano se recolheu, aproximou-se do governador Amazonino Mendes (PDT) e a aliança com este passou a ser dada como certa. Só que alguns fatores ainda atrapalham o entendimento.
O entendimento entre Arthur e Amazonino dependia de dois fatores, um político e o outro administrativo, sendo que este último pesava mais na balança. É que o prefeito, um dos principais aliados do governador na eleição suplementar do ano passado, esperava receber, a título de agradecimento, apoio financeiro do Governo para recuperar as ruas de Manaus, bastante castigadas pelo inverno rigoroso. A ajuda não veio e, a partir de fevereiro, o tucano passou a criticar duramente o chefe do Executivo estadual. Ao mesmo tempo, aproximou-se de Omar e permitiu que parceiros especulassem sobre uma aliança entre os dois.
Omar e Arthur foram os principais artífices da candidatura de Amazonino ao Governo na eleição suplementar. Afastaram-se do governador quase ao mesmo tempo, no início do ano. O senador reclamou porque alguns aliados foram alijados da administração estadual. Ainda assim, alguns deles foram mantidos em postos-chave até bem pouco tempo atrás.
O rompimento entre Omar e Amazonino mostrou-se definitivo para as eleições deste ano. Todos os filiados ao PSD que estavam no Governo pediram demissão ou foram exonerados. A animosidade entre eles só aumentou nos últimos dias. Já Arthur fez o movimento contrário em junho, reaproximando-se do governador.
Até maio, alinhavam-se com Omar, além de Arthur, os deputados federais e pré-candidatos a senador, Alfredo Nascimento (PR) e Pauderney Avelino (DEM), além de Silas Câmara (PRB). Dos três, apenas o último se manteve fiel ao senador, perdendo também os postos que mantinha no Governo.
Alfredo acompanha o prefeito Arthur Neto em qualquer circunstância. Os dois estarão juntos na aliança que o tucano decidir apoiar. Já Pauderney joga praticamente sozinho, tentando manter de pé a pré-candidatura ao Senado, mas flertando com a possibilidade concreta de disputar a reeleição.
O empecilho administrativo que separava Arthur de Amazonino não existe mais. Os R$ 149 milhões destinados pelo Governo para a infraestrutura de Manaus, que o governador ameaçava aplicar diretamente, sem convênio com a Prefeitura, estão sendo administrados em conjunto pelos dois. É o prefeito que indica onde a obra tem que ser executada.
Agora persistem impasses políticos. O primeiro e mais importante deles diz respeito à acomodação do deputado federal Arthur Bisneto (PSDB). Filho do prefeito, ele era dado como certo na composição da chapa majoritária anterior, como vice de Omar Aziz. Na nova aliança, o mesmo posto não lhe foi garantido. Para piorar, aliados do governador espalharam que a preferência dele, para ocupar a vaga, seria o vice-prefeito Marcos Rotta, também tucano.
Bisneto chegou a conceder uma entrevista a um portal de notícias, afirmando que Rotta não mandava no PSDB e teria que se submeter às decisões do partido. A relação entre eles, que sempre foi das melhores, azedou. Habilidoso, o prefeito Arthur Neto trabalha neste momento para não haver fissuras em sua base e se coloca como mediador no conflito. O vice-prefeito mantém silêncio absoluto sobre o assunto.
O fato é que Bisneto não quer concorrer à reeleição, nem cogita disputar o Senado. Sua prioridade é permanecer em Manaus e evitar Brasília. Tem razões pessoais para essa decisão. Na pior das hipóteses, concordaria em concorrer à Assembleia Legislativa ou sequer disputar o mandato, retornando à chefia da Casa Civil da Prefeitura. Uma eventual indicação ao Tribunal de Contas do Estado, outra hipótese bastante comentada no meio político, não é tratada como prioridade pelo deputado.
Outro fator que está atrapalhando a aliança entre o prefeito e o governador é a discordância do deputado Alfredo Nascimento em compor uma chapa para o Senado com a ex-deputada Rebecca Garcia (PP). Ele entende que, se isso ocorrer, suas chances de vitória seriam bastante reduzidas, porque teria de cara dois concorrentes fortes: ela e o senador Eduardo Braga (MDB).
Para Alfredo, o melhor seria que Rebecca fosse escolhida para compor a chama como candidata a vice-governadora. O pai e mentor dela, empresário Francisco Garcia, também prefere essa alternativa. Aparentemente alheia às movimentações, a ex-deputada passeia pela Espanha.
Pauderney, por sua vez, incomodou-se com as idas e vindas do grupo e voltou a conversar nos últimos dias com Omar.
Existe ainda um outro personagem nessa trama, que precisa ser observado com atenção: o delegado federal Wesley Aguiar (PDT). Ele é pré-candidato ao Senado, foi incensado pelo governador e dificilmente aceitaria de bom grado ser preterido para acomodar interesses. Os últimos acontecimentos no país mostram que não é nada bom contrariar um policial federal graduado. Este é um problema que apenas Amazonino terá que resolver.
Observando a cena com atenção e conversando com todos os lados, inclusive com o presidente da Assembleia Legislativa, David Almeida (PSB), outro que assiste a tudo de camarote, Eduardo aguarda para anunciar para onde caminhará.
Os impasses ainda precisam ser resolvidos, para que as alianças possam ser anunciadas. As duas próximas semanas serão tensas e emocionantes.
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