Em meio a novas denúncias de “furas-fila”, Prefeitura nega e juíza reage: “vão pagar”

Episódios como o que envolveu o vereador Marcelo Serafim (PSB) e uma funcionária de clínica particular, além de denúncias da vacinação de profissionais que não estão na linha de frente, como um personal trainer, psicólogos e até agentes funerários, levaram a Prefeitura de Manaus a divulgar nota hoje refutando as informações. Por sua vez, a juíza federal Jaiza Fraxe publicou texto nas redes sociais dizendo que os “furas-fila” vão pagar pelo que fizeram.

“Os nove pontos montados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) seguirão vacinando unicamente pessoas dos grupos prioritários preconizados pelo Ministério da Saúde e definidos em consenso pelas Secretarias de Saúde do Município e do Estado (SES-AM), que são os trabalhadores da saúde e idosos com 70 anos ou mais, idosos acamados e os residentes em áreas rurais e ribeirinhas da capital amazonense, além dos idosos institucionalizados e os indígenas aldeados, já vacinados”, diz a nota.

A prefeitura ressalta que toda e qualquer informação sobre vacinação só é procedente se tiver origem nos canais oficiais da Semsa. “Se não estiver nos portais e redes sociais da administração municipal, não é informação oficial”, ressalta.

“O quantitativo de doses recebidas do governo federal é referente às prioridades definidas por cada município, tomando como base o segundo informe técnico do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, que em seu Anexo II apresenta a descrição dos grupos prioritários e recomendações para a vacinação”, conclui a nota.

Ocorrências

No episódio envolvendo o vereador, ele estava trabalhando como farmacêutico no posto de vacinação instalado na Universidade Unip, quando uma funcionária chegou, recomendada por uma clínica particular. Por entender que ela não estava no grupo prioritário, o parlamentar impediu a vacinação e gravou a ocorrência, o que gerou uma reação da empresa, que prometeu acioná-lo juridicamente.

Há muitas denúncias relacionadas à relação de profissionais que as empresas privadas de saúde estão passando à Secretaria Municipal de Saúde, porque estariam sendo incluídos profissionais que não trabalham n a linha de frente.

Reação da juíza

Veja o texto autoexplicativo que a juíza Jaiza Fraxe publicou hoje nas redes sociais:

“Já estamos nas ruas dando seguimento à nossa missão.
São muitas frentes: pedidos de transferência de pacientes para outros estados em razão do esgotamento de leitos de UTI, distribuição equânime do oxigênio para hospitais, unidades de saúde e pessoas em home care em todo o grandioso estado do Amazonas e sobretudo o grande e surpreendente desafio de convencer a população a respeitar os grupos delineados pelo Ministério da Saúde/Fiocruz/FVS quanto às prioridades de imunizantes, de modo a evitar que o chamado “fura-fila” estrague as previsões dos cientistas e quebre o planejamento nacional.
Vamos entender uma coisa muito séria: todos temos direito à vacina. Todos seremos vacinados. Mas até lá devemos esperar na fila.
É tão simples isso. Tão ético, tão decente.
Se o amanhã no Amazonas for de mais cepas e mais ondas e ainda mais mortes, os fura-filas também serão responsabilizados. É preciso ter consciência coletiva de saúde pública.
Estamos assistindo pessoas com deficiência grave esperando sua vez com resiliência, policiais militares e civis atuando como assemelhados à saúde nas portas dos hospitais, acudindo doentes, enquanto categorias que não se enquadram em linha de frente e sequer são profissionais de saúde humana estão “ajeitando” crachá e se vacinando antes de sua verdadeira vez.
Respeito-decência-coerência é um trinômio que diz tudo sobre cada um no enfrentamento da pandemia. A Justiça Federal está recebendo toda sorte de denúncia e apurando tudo.
Quando todos forem vacinados e a pandemia tiver sido extirpada da humanidade, os processos no Amazonas ainda vão revelar as pessoas que sabotaram o planejamento dos cientistas e autoridades de pesquisa do Ministério da Saúde. Não haverá esquecimento nem “perda do objeto”. As milhares de família que se despediram dos seus entes não “perderam um objeto”, perderam um ser humano querido e insubstituível.
Até lá continuamos trabalhando com a certeza de que a vale a pena concretizar o direito constitucional à vida digna.
Obrigada pela compreensão e apoio de todos.”

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Este post tem um comentário

  1. Virginia Campos Diniz Bernardes

    Cadeia e punção seguindo a lei, é errado e devem receber a punição devida, mas não só quem furou mas quem deixou furar.

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