Eleições : ensinamentos de 2018 para 2020.

Por Ricardo Gomes*

Apenas como observador, me atrevo à fazer uma análise do que notei mas linhas gerais desse processo eleitoral:
1 – A “máquina” não pesa tanto.
Definitivamente os “velhos caciques”, principalmente os que tentavam a reeleição, mesmo com caneta e vultuosos orçamentos nas mãos, finalmente viraram peças do museu da história política, e se despediram do aspecto de “professor de Deus”, por vezes de forma vergonhosa, teimando em ouvir velhos “amigos” ultrapassados, negando apoio aos aliados, e errando por atacado; tudo isso permitiu o surgimento de jovens talentos e trouxe um necessário oxigênio as estratégias de campanha, com uma abordagem 4.0, mais pessoal com o maior número de indivíduos dividindo o protagonismo, sempre que possível, diretamente, com o Eleitor/Cidadão, diretamente nas ruas .
2- Comunicacao precisa mudar
Nunca o processo eleitoral buscou tanto o contato direto e, de certa forma pessoal, ao menos por parte dos que venceram, provando que, o modelo político-eleitoral clássico, onde o candidato tinha muito diálogo com com o marqueteiro e com os membros do comitê, todos encastelados, em detrimento do acesso diário e direto com o eleitor, fracassou .
3- Eleitorado perdeu medo de mudar
Outra estratégia que se mostrou superada foi a do “terrorismo” com o político novo. O PT, por exemplo, na última eleição, a usou muito, pregando o risco do “fim” das bolsas sociais e do Luz para todos, mas hoje, só o terrorismo político, sem uma outra alternativa de crescimento não prospera mais, por que o eleitor já se deu conta que Programas e Politicas públicas não são eternos e dependem de Orçanento, e este último, está ligado ao crescimento do país como um todo, caso contrário, num efeito dominó, tudo vai por terra .
4- Mudança: onda ou tendência ?
Essa é uma perigosa reflexão, para muitos fruto da ampliação da população jovem, que gosta de novidade, desde o novo smartphone, ao novo modelo de carro, mas em Gestao Pública, é questionável se um novo modelo de dirigente significa modelo mais evoluído ou melhor, não só pelo aspecto da (in) experiência, que por si só seria mais um terrorismo, mas pelas circunstâncias geraia e pelo risco de frustração do eleitorado ao se dar conta que um novo Gestor não é uma fada, não fará milagres no dia seguinte da posse e precisará de tempo, apoio e de um projeto viável e exequível, tocado por uma equipe predominantemente técnica e com conhecimento da máquina publica, sob o risco de rápida frustração e críticas duríssimas .
5- Expectativas para as Eleições de 2020:
O ano de 2019, em todos os aspectos será um turbo para novas mudanças ou um freio de mão, caso ao final do ano, os “novos”, não se mostrem efetivamente capazes de implementar mudanças rápidas e positivamente impactantes para a população.
O Desafio será muito mais difícil que surfar na “onda da mudança”, esse cenário necessariamente passará pela redução da máquina publica, sabidamente paquidérmica e cheia de vícios, cara e ineficiente, assim como pela motivação dos Funcionários públicos, para que mudem a postura como prestadores de serviço, e passem à trabalhar com mais dedicação e verdade na busca de resultados que traduzam um melhor Serviço aos Cidadãos.
*O autor é advogado, professor universitário e consultor