Dupla vendia consórcios como se fossem compras à vista

A Polícia Civil do Amazonas deflagrou, na manhã desta segunda-feira (11/2), nos bairros Parque Dez de Novembro e Cidade Nova, situados, respectivamente, nas zonas centro-sul e norte da capital, a operação “Bridão”, que resultou no cumprimento de mandados de prisão preventiva em nome do supervisor de vendas Felipe Ferreira de Souza, 34, e da vendedora de consórcios de imóveis e veículos Francielle Barros de Souza, 23, por estelionato.

O resultado da operação foi apresentado durante coletiva de imprensa realizada ao meio-dia, no prédio do 23º DIP, na zona centro-sul da cidade. Os trabalhos foram coordenados pelos delegados Rafael Allemand e Henrique Brasil, titulares, respetivamente, da 5ª Seccional Centro-Sul e 23º Distrito Integrado de Polícia (DIP). Na ocasião da coletiva, o titular do 23º DIP explicou que a dupla trabalhava em uma empresa da capital que atuava com fraudes na venda de imóveis e veículos, por meio de consórcio.

Prisões – Durante a ação, o supervisor de vendas do grupo em Manaus foi preso em um dos pontos da empresa, situado em um centro comercial na avenida Tancredo Neves, bairro Parque Dez de Novembro. Na ocasião, outros 11 funcionários da empresa e 18 pessoas, que estavam fazendo treinamento para atuar como vendedores na empresa, foram conduzidos ao prédio da delegacia, onde foram ouvidos. No local foram apreendidos notebooks, celulares e bastantes documentos.

Francielle foi presa na casa onde ela morava, localizada na Conjunto Canaranas, bairro Cidade Nova. Ao longo da operação foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, um mandado de busca e apreensão e um mandado de condução coercitiva. As ordens judiciais foram expedidas no dia 6 de fevereiro deste ano, pela juíza Careen Aguiar Fernandes, da 7ª Vara Criminal.

Esquema – De acordo com o delegado Henrique Brasil, titular do 23º DIP, o grupo pegava anúncios reais de vendas de imóveis em site de compra e venda de produtos e anunciava como se fossem da empresa a qual trabalhava. Após a vítima se interessar pelo imóvel, ela assinava o contrato, com a promessa da entrega do bem no prazo de 30 dias, sem imaginar que se tratava de consórcio. Conforme Brasil, nove Boletins de Ocorrência (BOs) foram registrados no 23º DIP relatando a prática criminosa.

“Essa operação teve o intuito de desbaratar uma empresa de fachada, que oferecia em sites e aplicativos de vendas, imóveis, carros e motos. Eles infratores ludibriavam os clientes, dizendo que iriam vender veículo ou imóvel. Quando a pessoa imaginava que estava adquirindo o bem, eles na verdade estavam adquirindo uma carta de consórcio”, explicou Brasil.

Ainda segundo o titular do 23º DIP, os infratores agiam de duas formas para atrair as vítimas. “Existiam duas vertentes para o delito. Eles pegavam fotos de casas de outros estados, publicavam como se fosse aqui no Amazonas e ofereciam a venda. Outra tática era buscar imóveis que já estavam aqui no estado, que realmente estavam sendo vendidos. Eles mantinham contato com os donos do imóvel e, em seguida, apresentavam para as vítimas como se estivessem vendendo aquela casa e que, após a assinatura do contrato e com pagamento do valor da entrada, 30 dias depois já poderiam morar no imóvel, o que nunca acontecia”, relatou a autoridade policial.

Denúncia – Henrique Brasil ressaltou que todas as pessoas que tenham sido vítimas dessa empresa devem procurar a equipe do 23º DIP para formalizar o BO. A unidade policial está situada na rua Mozart Guarnieri, bairro Parque Dez de Novembro, zona centro-sul de Manaus.

“Pedimos que essas vítimas venham até a delegacia. Esclarecemos que a empresa de consórcio que eles informam que são filial existe, de fato, em São Paulo, e mantém unidades em outros estados. Pessoas que já estão ali com o dinheiro investido nesse consórcio agora precisam tratar diretamente com a sede da empresa, em São Paulo. Tivemos diversos contratos em andamento cancelados. Todos serão avaliados durante o Inquérito Policial”, concluiu Brasil.

Indiciamento – Felipe e Francielle foram indiciados por estelionato. Ao término dos procedimentos cabíveis no 23º DIP, Felipe será levado ao Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM) e Francielle conduzida ao Centro de Detenção Provisória Feminino (CDPF). Os 11 funcionários da empresa e as 18 pessoas encaminhadas à delegacia foram liberados após serem ouvidos na unidade policial.

FOTO: Erlon Rodrigues

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