Dois meses depois do massacre, 113 presos continuam foragidos e só a população pode resolver o problema

Dois meses após o massacre que deixou 65 presidiários mortos em Manaus, 113 detentos permanecem foragidos de unidades prisionais da capital. Ao todo, foram 225 fugas. Após a crise carcerária no estado, a Força Nacional foi acionada e continua na barreira de acesso ao Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), onde a maioria dos detentos foram assassinados.

As últimas prisões tiveram o apoio da população, que denunciou o paradeiro dos fugitivos. Um deles estava na casa da família, na Cidade Nova. A Polícia não foi capaz de fazer o rastreamento, o que indica claramente a falta de estrutura e de pessoal.

Contribui para a “incompetência” a quantidade de policiais cedidos a outros órgãos, que exercem as mais diversas funções, que não aquela para a qual foram concursados: o policiamento.

O motim teve início na tarde do dia 1º de janeiro e, conforme a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), houve uma briga entre facções. O caso é considerado o “maior massacre” do sistema prisional do Amazonas. As investigações dos crimes que ocorreram nas unidades prisionais do estado ainda não foram concluídas. Ao todo, foram instaurados quatro inquéritos relativos aos crimes.

Após as mortes nas cadeias, a SSP-AM transferiu, emergencialmente, 284 presos para a então desativada Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. Os presos transferidos também se rebelaram e quatro detentos morreram no local. Outros quatro foram na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP).

Como medida para estabilizar o sistema prisional, o Governo transferiu 17 presos para presídios federais. Eles teria comandado os motins.

Além disso, houve reforço nas revistas, inclusive com a participação do Exército Brasileiro. Durante as ações, vários objetos proibidos e perigosos foram encontrados e retirados.

Após a crise carcerária, o Governo Federal repassou R$ 50 milhões para a melhoria do sistema prisional, que inclui, além da construção de novos presídios, a compra de equipamentos como bloqueadores de celular e tornozeleira eletrônicas.

Desde o massacre, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) realiza mutirão carcerário no estado. O mutirão foi instituído pelo presidente do Tribunal, desembargador Flávio Pascarelli, no dia 10 de janeiro, com a finalidade de reduzir a tensão no sistema prisional do Estado. Até o dia 19 de fevereiro 1.070 alvarás de soltura foram emitidos no Amazonas.

Violência

A instabilidade dentro dos presídios passou para o lado de fora. Manaus registou altos índices de crimes e chegou a um pico de 69% a mais que no mesmo período do ano passado.

“Tivemos alguns dias, no começo de fevereiro, que nós chegamos a 100% no aumento, mas você só avalia esse tipo de criminalidade ao final do mês. Houve uma soltura, houve aumento, houve, mas dizer que uma coisa tem a ver com a outra, seria uma solução muito facil, não temos como, não temos elementos para dizer isso”, disse à Rede Amazônica.

O Ministério Público Estadual diz que a violência pode ter relação com a soltura de detentos. “para nós, ficou muito claro que a soltura, a fuga do próprio presídio que foi elevada, levou a esta situação que se encontra hoje”, disse o procurador José Roque Marques.

Cadeia reativada

Em relação à Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, o Ministério Público pediu à Justiça que os 223 presos fossem transferidos imediatamente para outras unidades, por causa das condições que se encontra a cadeia atualmente. No fim de semana de carnaval, 14 presos fugiram do local.

As autoridades trabalham com o prazo de até final de abril para desocupar a Vidal Pessoa. Os presos devem ser colocados num novo presídio chamado de Centro de Detenção Provisória 2, que está sendo construído nos arredores do Compaj.

Com informações do G1 Amazonas

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