Desemprego em alta e economia ladeira abaixo

Por José Ricardo*

Uma das piores notícias nestes últimos dias foi o anúncio do IBGE informando que a taxa de desemprego no país. Uma notícia já esperada, visto que não há, até o momento, nenhuma ação e decisões do Governo Federal para ativar a economia e gerar mais empregos.O desemprego no Brasil ficou em 12,4% no último trimestre. São 13,1 milhões de pessoas sem emprego. Nos últimos três meses, 892 mil perderam o emprego. Quase um milhão de pessoas.

Mas há mais dados do IBGE. A taxa de subutilização da força de trabalho e  população subutilizada são também recordes de 24,6%.  São 27,9 milhões de pessoas nessa situação, a maior desde 2012. E os desalentados –  trabalhadores aptos para o mercado de trabalho, mas que desistiram de procurar emprego – chegam a 4,9 milhões. Também é a maior. Isso significa desesperança.

O melhor período de geração de emprego foi nos governos Lula e Dilma. Foram mais de 20 milhões de empregos gerados. Em dezembro de 2014, atingiu o menor patamar de desemprego: 6,5%. Foi o período das obras, do Programa Minha Casa Minha Vida, do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do crescimento da economia.

Com o golpe de 2016, com o Temer e a paralisação das políticas de investimentos e pela falta de credibilidade do governo ilegítimo, o desemprego aumentou e a economia foi ladeira abaixo. O discurso era de que empregos seriam gerados com a Reforma Trabalhista.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacava que a reforma trabalhista e a terceirização, uma vez aprovadas no Congresso Nacional, iriam gerar 6 milhões de empregos, no período de três a cinco anos. Aconteceu o contrário.

A terceirização total precarizou ainda mais o mercado de trabalho. Serviços essenciais, atividades fins no serviço público, como na área da saúde, ao ser terceirizado, contribuiu com precarização do serviço de saúde pública.

A reforma trabalhista, com a alteração de cerca de 100 artigos das Leis do Trabalho, todos retirando direitos, tornou mais inseguro o mercado de trabalho, afetando mulheres e trabalhadores mais velhos. E atingiu também os sindicatos, enfraquecendo a sua atuação em defesa dos interesses trabalhistas. E não gerou mais empregos.

No Governo Bolsonaro, a Medida Provisória 870 extinguiu o Ministério do Trabalho, enfraquecendo ainda mais a fiscalização contra os abusos do setor empresarial e facilitando a exploração do trabalho infantil e trabalho semiescravo. E a Medida Provisória 873 atinge quase de morte os sindicatos, ao dificultar a contribuição dos sindicalizados.

E se não bastasse, agora tem o projeto da Reforma da Previdência, que é mais um golpe contra a vida dos empregados, à medida que obriga a todos a trabalharem mais tempo e contribuírem por mais alguns anos para a Previdência. Esse projeto é o mais polêmico em tramitação na Câmara dos Deputados, pois que terá reflexos políticos e sociais nos Estados e Municípios. E não vai gerar empregos.

Os empresários da construção civil estão anunciando que vão demitir mais  trabalhadores, pois o Programa Minha Casa Minha Vida está parado e eles têm dívidas de mais de R$ 450 milhões e milhares de imóveis em construção, mas as obras estão paradas. O programa representa 2/3 do mercado imobiliário do Brasil. Governo Lula chegou a empregar diretamente 3,4 milhões de trabalhadores. Agora estão ameaçados.

No Amazonas, o Distrito Industrial já chegou a empregar mais de 120 mil pessoas diretamente durante os Governos Lula e Dilma. E hoje, não ultrapassa de 85 mil. O Polo Industrial de Manaus (PIM) depende do mercado brasileiro. Os produtos fabricados em Manaus são vendidos, majoritariamente, no Brasil. Com a economia em baixa e o desemprego elevado, o poder aquisitivo e o consumo caem, afetando as vendas da Zona Franca de Manaus (ZFM). Estamos vivenciando no Amazonas o reflexo do desgoverno no país.

O Banco Central anunciou que a expectativa de crescimento da economia, a partir do Produto Interno Bruto (PIB), caiu de 2,7% para menos de 2%. A tendência é cair mais ainda. Pois o Governo Bolsonaro não tem projeto para o país e há muita insegurança quanto aos investimentos empresariais.

Tudo indica que desemprego vai aumentar ainda mais, assim como a descrença do povo no atual Governo Federal.

*O autor é economista e deputado federal pelo PT