Deputada vai ao MP contra Porão do Alemão e vereador dono da Casa defende funcionários

A deputada estadual Joana Darc (PL) formalizou ontem representação junto ao Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE), em desfavor de Rodrigo Fernandes, por apologia ao crime de feminicídio. Trata-se do tatuador que se fantasiou de Bruno, com um saco de lixo nas mãos referindo-se à ex-namorada Elisa Samúdio, morta pelo goleiro.  A parlamentar também arrolou o Porão do Alemão, local da festa à fantasia onde ocorreu o episódio, na ação. O dono do estabelecimento, vereador William Alemão (Cidadania) postou vídeo nas redes sociais reconhecendo o erro, mas defendendo os funcionários, que segundo ele dependem do emprego. “Há exageros”, disse ele.

O goleiro Bruno, então no Flamengo, foi condenado pelo assassinato da  namorada, Eliza Samudio, ocorrido em 2010. A versão apresentada pela Polícia foi a de que ele e os comparsas teriam jogado o corpo dela para ser devorado por cães. Foi a isso que Fernandes se referiu, ao carregar nas mãos um saco cheio de papel com o nome da vítima. Um funcionário do Porão do Alemão registrou a imagem do cliente e postou nas redes sociais, o que gerou enorme reação, até mesmo na mídia nacional.

“Nesta Casa Legislativa esse fato não passará impune. Não é por conta de um crime de maior ou menor relevância, não é por conta de ser mimimi. É para mostrar para a sociedade que não é normal violentar mulher, que a gente precisa combater o feminicídio, que a gente precisa respeitar as famílias, que a gente precisa sair do discurso, sair das campanhas e ir para ação e denunciar atos e gestos como estes”, disse Joana Darc em discurso na Assembleia Legislativa do Amazonas.

A deputada Joana Darc, que é advogada, lembrou que esse tipo de delito, tipificado no Código Penal Brasileiro, é um crime contra toda a sociedade brasileira. Ela ressalta o crescente número de crimes cometidos contra as mulheres. “Enquanto eu estou falando aqui, várias mulheres nesses poucos minutos já foram violentadas, já foram até mortas, porque todos os dias o número de feminicídio, de violência contra a mulher só aumentam e ainda mais num momento como a pandemia que estamos passando, por isso, não podemos nos calar”, pontuou.

Na tribuna da Casa Legislativa, Joana Darc que é membro da Comissão de Defesa da Mulher da Aleam, ao demonstrar repúdio ao fato, fez questão de dizer que não se trata de uma fantasia de halloween. “Ela representa um desrespeito a família de uma mulher que foi morta, estrangulada, esquartejada, que seu corpo foi dado para os animais comerem e que até hoje a família não teve o direito de enterrar o seu ente querido. Como mulher, como mãe, como deputada, eu fico muito indignada”, disse Joana Darc.

“Foi um erro”

William Alemão gravou vídeo ontem e postou em suas redes comentando o fato. Antes disso apenas a esposa dele tinha se manifestado em nome da Casa, já que ele se afastou da administração para exercer a atividade parlamentar.

“Quem me conhece sabe que eu sou absolutamente contra a violência contra as mulheres. Tenho quatro filhos, três deles mulheres. Não posso concordar com a apologia ao feminicídio. Foi um erro, mas quero ressaltar aqui que por trás desse CNPJ estão vários trabalhadores que dependem do Porão do Alemão para viver e estavam animados por poder voltar às atividades depois de tanto tempo. Todo o esforço que eles fizeram para proporcionar um bom evento aos frequentadores foi por água abaixo”, disse ele.

Alemão estava visivelmente abalado no vídeo. Chegou a respirar fundo várias vezes. Ele foi um dos líderes do movimento que pedia a flexibilização das medidas de combate ao Covid-19. Chegou a liderar manifestações. Isso o projetou a ponto de elegê-lo vereador no final de 2020.

Segundo o parlamentar, há um exagero nas reações contra o seu estabelecimento. Ele não chegou a pedir desculpas formalmente, como fez sua esposa anda na segunda-feira (1).

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