Depois de usar estrutura da Prefeitura para autopromoção, empresário ataca Arthur, que reage

O empresário Luiz Alberto Nicolau, presidente do grupo Samel, fez duro ataque ao ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), em entrevista ao site Foco no Fato, na última quarta-feira (16). Chegou a chamá-lo  de “ladrão”. Isso depois de ter usado a estrutura da Prefeitura na época em que o tucano comandava o município para instalar, em um colégio municipal, o hospital de campanha bancado com recursos de pesquisa e desenvolvimento, que serviu para promover tanto seu próprio grupo empresarial quanto o irmão, Ricardo Nicolau (PSD), que logo em seguida foi candidato a prefeito, focando quase toda a campanha na iniciativa. O político reagiu com uma nota em que anunciou um processo contra seu acusador.

O hospital de campanha Gilberto Novaes, instalado em uma escola recém-construída pela Prefeitura em 2020, ajudou muito a amenizar a gravidade da pandemia de Covid-19 em Manaus. Chegou a recuperar em pouco mais de dois meses 617 pacientes, 81% dos que deram entrada na unidade. Ele foi instalado graças a uma parceria entre a Prefeitura, o grupo Samel e a empresa Transire, do Polo Industrial de Manaus. Na época, o deputado estadual Ricardo Nicolau chegou a se licenciar da Assembleia Legislativa apenas para comandar a iniciativa. O funcionamento da unidade foi documentado passo a passo pelos irmãos Nicolau, que depois usaram as imagens na campanha do parlamentar a prefeito.

Arthur deu todo apoio ao hospital de campanha e permitiu que os irmãos Nicolau tomassem a frente da iniciativa, mas caiu em desgraça com eles quando decidiu não apoiar a candidatura do deputado a prefeito, optando por Alfredo Nascimento (PL). A partir daí a relação entre eles azedou e a família dona da Samel passou a atacar sistematicamente o prefeito.

Na entrevista de quarta-feira Luiz Alberto Nicolau voltou ao ataque e disse que o então prefeito queria desviar recursos do hospital de campanha.  A assessoria de Arthur Virgílio Neto divulgou nota dizendo que o empresário está “em busca de palanque para defender interesses próprios”. Ricardo Nicolau já avisou que não será candidato à reeleição e tem trabalhado para colocar de pé uma candidatura ao Governo do Estado, inclusive procurando um novo partido, já que não teria a intenção se continuar sob a tutela do senador Omar Aziz, presidente regional do PSD. O ataque ao ex-prefeito seria o primeiro passo dos irmãos para atingir a nova meta e tirar o foco das críticas que o grupo Samel vem recebendo por ter abandonado sem maiores explicações a cápsula Vanessa, vendida como grande solução no tratamento da Covid-19, e por experimentar em seus pacientes medicamentos sem efeito comprovado contra a doença.

“Diante das falsas acusações apresentadas sobre desvios de recursos públicos no período de funcionamento do Hospital de Campanha Municipal (HCM), de abril a junho de 2020, a assessoria informa que os advogados do ex-prefeito foram acionados para tomar as medidas judiciais cabíveis”.

Ainda segundo a assessoria, “tudo foi feito com a maior transparência possível, com a fiscalização direta dos órgãos de controle, o que colocou Manaus como referência nesse quesito junto a entidades internacionais”.

“Após pouco mais de dois meses, o hospital de campanha do município precisou ser fechado justamente pelo fim da parceria público-privada e porque não foi habilitado para receber recursos do SUS, somente a unidade do governo estadual obteve ajuda federal. Suas atividades foram mantidas até a alta do último paciente, que além da população da capital também recebia pessoas oriundas do interior do Estado, como dos municípios de Itacoatiara, Manacapuru, Parintins, Nova Olinda do Norte e Iranduba. Vale destacar que o HCM destinou alas exclusivas para pacientes indígenas. Ao todo, 29 de diferentes etnias receberam tratamento no hospital e saíram curados”, acrescenta.

A nota conclui dizendo que os equipamentos utilizados no local para o atendimento da população, grande parte fruto de doação da iniciativa privada, foram devolvidos ao grupo Samel, sob o acompanhamento de funcionários públicos da área da Saúde Municipal.

 

Qual Sua Opinião? Comente:

Deixe uma resposta