Ao tecer comentário sobre a visita do Papa Francisco a Cuba e aos EUA, o teólogo Antonio Manzatto afirmou: “A viagem dele é pastoral, mas a fé não vem separada da realidade”; e, “estando nos Estados Unidos, um lugar de tamanha importância para os mais pobres, ele tem de falar de refugiados, de sustentabilidade… Não vai falar de anjos ou da cor do véu de Nossa Senhora”. Bergolio foi o primeiro papa a discursar no Congresso americano, e também discursou em Nova York, a capital mundial do individualismo, “aquecida e entregue ao seu carisma e simplicidade”.
Isto posto, concordo que “a fé não vem separada da realidade”, portanto, neste texto não vamos de falar de anjos, nem do formato do alforje ou da pedra tão especial que Davi retirara do ribeiro. Falaremos das motivações humanas.
Em “O gene egoísta” (1976), Dawkins assevera que sua obra tem um propósito: “examinar a biologia do egoísmo e do altruísmo. A importância deste assunto é óbvia. Ele toca todos os aspectos de nossas vidas sociais, nosso amor e ódio, luta e cooperação, doação e roubo, nossa ganância e nossa generosidade”. Não é difícil observar que muitas de nossas decisões econômicas estão subordinadas aos nossos impulsos biológicos. Por exemplo: a ânsia de procriar, segundo Dawkins, arraigada nos nossos “genes egoístas”, ou a violência como recurso na disputa por um (a) parceiro (a) ou pela comida, ou ainda para não pagar impostos. Quando consideramos o aspecto biológico do homo sapiens, ou mesmo qualquer alusão ao DNA humano, “a teoria econômica parece longe de perceber a comprida e emaranhada cadeia da motivação humana”.
Certamente, o mundo ocidental conhece a história de Davi e Golias, de como um jovem israelita de apenas dezessete anos venceu o gigante guerreiro filisteu experimentado em batalhas desde a sua mocidade utilizando-se de uma funda e uma pedra lisa retirada do ribeiro. O que é do conhecimento de poucos são os motivos que persuadiram Davi a enfrentar o temível gigante Golias. O relato bíblico deixa claro que ele foi o único em toda a nação de Israel que se dispôs para a luta, e os três prêmios que motivaram Davi a expor-se ao risco de morte diante de um adversário maior e teoricamente mais habilitado, foram: (i) seria cumulado de riquezas; (ii) também receberia como prêmio uma mulher, a filha do rei; e (iii), a casa de seu pai seria isenta de impostos (1º. Samuel 17:1-27). Eis aí os impulsos biológicos em ação.
Nesta semana, Barbosa e Levy anunciaram uma série de medidas para reverter o atual quadro deficitário para um superávit de 0,7% do PIB. Isso implica em ações para incrementar o resultado econômico do país em R$66,2 bilhões. Porém, só será possível com a criação de mais impostos: a “nova” CPMF. Todos recordamos que a primeira edição da CPMF foi criada por Fernando Henrique Cardoso (PSDB). E o atual governo pretende ressuscitar um imposto que havia sido sepultado em 2007.
Benjamin Franklin escrevendo a Jean Baptiste Le Roy, em 13 de novembro de 1789, disse: “Neste mundo nada pode ser assumido de modo determinístico, exceto a MORTE e os IMPOSTOS”. De acordo com esse aforismo, os impostos são considerados onipresentes pelo modo como eles afetam praticamente a todos, porém, no dia-a-dia, eles são tão pouco do nosso interesse pessoal como a morte o é. Nenhuma outra legislação produz um impacto tão profundo em nossas vidas quanto a tributação, de modo a afetar decisões pessoais capazes de moldar fenômenos econômicos, forças políticas e até mesmo o conjunto das instituições de nossa sociedade.
Daí, tenho-me perguntado quantos jovens, assim como Davi, estariam dispostos a lutar contra esse gigante que se tornou o Estado brasileiro para não pagar mais um imposto. Penso que Davi tinha consciência do iminente risco a que estava exposto, pois “risco é uma consequência da decisão livre e consciente de expor-se a uma situação na qual há a expectativa de ganho sabendo-se que há a possibilidade da perda ou dano” (Pieper, 1960). Davi teve diante de si uma oportunidade única de mudar a história de sua vida e família. O único jovem de toda uma geração.
Nilmar Oliveira, mestre e doutorando em Economia pela Universidade Católica de Brasília, foi a grande surpresa da eleição de 2014, obtendo mais de 48 mil votos para deputado federal, sem jamais ter disputado nenhuma eleição. É presidente municipal do PRB.
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Criado na Igreja Católico, batizado na Igreja Católica, Crismado na Igreja Católico, Primeira Comunhão feita na Igreja Católica, Mestrado e Doutorado pela Universidade Católica e agora idealista da Igreja Evangélica…. Pergunto a que SATANÁS V. Senhoria Serve ? O do dim dim :