Por Edilson Martins*
São Gabriel de Cachoeira demarca uma tríplice fronteira, envolvendo Brasil, Colômbia e Venezuela.
É lá, literalmente, onde o diabo se esconde.
Por essa região circulam guerrilheiros, traficantes de cocaína, bandidos de todos os gêneros, terra de ninguém, e nela não penetram amadores.
Tampouco os aparelhos de estado desses três países.
O repórter José Casado, um dos melhores do país, tanto pelo texto, como não menos pela apuração, registrou em sua coluna a impunidade da prostituição em São Gabriel.
Que não é de hoje, está enraizada, principalmente por ser esse imenso município ocupado por povos indígenas.
Diferentes nações indígenas.
Vivem em condições de absoluta pobreza, cristianizados que foram, nas primeiras décadas do século passado, pelos padres salesianos.
Mas isso é história mais longa.
Para se alcançar o município são quase mil kms de rio, rio Negro, que chegando a Manaus, se junta ao Solimões, na cara da capital do estado, e forma o rio famoso.
A prostituição de menores de tempos em tempos é investigada.
São presos os seus promotores.
Homens e mulheres, conhecidos, da região.
Os meliantes que a praticam são os comerciantes poderosos, políticos locais, e também procedentes de outros estados, inclusive deputados federais de Brasília.
São feitas as denúncias, a polícia prende os Zé Ruelas, indicia os poderosos, mas até hoje ninguém permaneceu preso.
Quem vai se importar com pedófilos que brutalizam meninas indígenas?
Vale a pena essas notícias?
Claro que não.
*O autor é jornalista
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