As cidades cenográficas do Amazonas

Por Ricardo Gomes*
Cresci ouvindo menções do meu avô à era do rádio, as epopéias do rádio nacional na Praça Mauá/RJ, onde fora cenoplsta, à Tupi, e aos programas de Auditório e das rádio novelas (ainda ouvi “O Direito de Nascer”, e mais umas 3), mas me recordo muito bem da transição rádio/TV, com os filmes da Atlântoda, da Cinédia, e mais recentemente do PROJAC/RJ, que tive a chance de conhecer, e de Paulínea/SP, tudo graças à minha admiração pela 7a arte, porém gosto da essência do Cinema e não da cadeira; admiro, bem antes do produto final, aos autores, à Direção, aos enquadramentos, à fotografia, que com a evolução das lentes, está impecável, assim como ao som, que, nas melhores salas, impressiona pela pureza e por nos situar geograficamente no contexto de vários locais numa mesma cena, contudo, me chama muita atenção, principalmente nos filmes que adaptam épocas remotas, o figurino e as locações onde surgem, as cidades cenográficas, porém, definitivamente, observando nesses dias que antecedem às pré-campanha eleitoral 2020, considerando que, falta exatamente um ano, para desincompatibilizações e registro de candidaturas, nada se compara às cidades do Amazonas, principalmente as do interior… Hollywood, Bolywood, Cinema Chinês, Produções Mexicanas, Cinema Europeu, Cinema Iraniano, definitivamente, depois da importação de artistas e escultores de Parintins, para o Carnaval do RJ, deveriam contratar alguns prefeitos do Amazonas, se formos considerar a capacidade deles de inventar cidades e montar cenários, chega a ser absurdamente injusto que não sejam indicados às premiações de Cannes, do Urso de Berlim ou ao Oscar, por que, ninguém os supera, principalmente se houver premiação de maquiagem e efeitos na Gestão Pública Municipal.
São de um nível de excelência tão grande que cosenguem, também, num talento digno de registro, ao mesmo tempo serem “ilusionistas de primeira linha”, à ponto de fazerem, nos últimos anos, com que nem as Câmaras de Vereadores; nem as Representações do Ministério Público nas Cidades; nem o Tribunal de Contas do Estado; ou mesmo qualquer Órgão ou Instituição Federal, dito de “Fiscalização e Controle” (CGU, AGU, MPF, Etc), enxergassem 5% do que realmente fazem (ou deixam de fazer), no nosso interior.
A coisa toda ganha áreas de comédia, que fariam Chaplin, Jerry Lewis, ou o nosso Mazaropi, parecerem incompetentes e sem a menor graça, se compararmos :
  • as regras do Jogo (Leis e Normas Vigentes);
  • As condutas dos Prefeitos e Secretários (inclua nessa conta: Procuradores, “Controladores”, Presidentes de Comissões de Licitação; Pregoeiros; e Secretários de Finanças, todos dentro da Resonsabilidade Objetiva – Vide os Inquéritos das Operações Dízimo e Cauxi, Iranduba/2015, em fase de Sentença na JF);
  • O que fizeram/estão fazendo os queridos “Órgãos de Fiscalização e Controle”, na minha conta: 10 (DEZ).
Voltando à 7a arte, e, na opinião de uma corrente de pensadores e Doutrinadores da Gestão Publica Municipalista, que respeito muito, e, à qual filio minha opinião, depois de mais de 3 décadas e meia de estudos, vivência prática e, por isso, com opinião crítica fundamentada, sinto-me à vontade para, sintetizar a atuação dos “Fiscais e Controladores” dos Municipios Amazinenses, numa trilha sonora baseada numa obra prima do nosso compositor Maranhense, Zeca Baleiro:
“… De você, sei quase nada… Pra onde vai ou por que veio, nem mesmo sei qual é a parte da sua estrada no meu caminho” (Quase nada).
É absurdo, mesmo olhando apenas da ótica de cidadão minimamente lúcido e informado, ver :
  • Prefeituras organizando calendários de Festas 2019, sempre com atrações regionais, e atrações nacionais decadentes e de mau gosto, sem nenhum critério, contratadas escandalosamente à preço e peso em ouro, de acordo com o (mau) gosto da play list de prefeitos tiranos, SEM LICITAÇÃO, ainda que, na contra-mão das “Recomendações” dos Tribunais de Contas (Inóquas) ou dos Promotores, num escárnio imenso, sob o olhar pacífico, passivo e coniventes de Vereadores omissos e coniventes com a baderna administrativa, enquanto a maioria das cidades está esburacada, cheia de lixo, sem o menor tratamento de água, levando, no minimo, hepatite C, à toda população, que, cega, tal qual na Roma antiga, segue apreciando pão e circo;
  • Propagandas municipais no Facebook e no Instagram, fazendo o mesmo proselitismo e promoção pessoal de prefeitos, proibidas por Lei, só que, num formato moderno, enquanto os mesmos vereadores, promotores, tribunais, assistem à tudo, petrificados, como meros servidores públicos, no pior sentido do que isso significa;
  • Prefeitos já usando a máquina pública municipal, para convênios e conchavos com partidos e (maus) políticos estaduais e federais, fazendo brotar, de cada vez mais precoce, um processo eleitoral injusto, corrupto, desequilibrado, cheio de caixa 2,3,4 e 5, que agora, tem cheiro pior que excremento de gato, tirando toda esperança da população de ver surgir novas alternativas de candidatos, por que permanece o império do poder político e econômico subjugando qualquer outro formato ;
  • Que nada mudou e nem mais haverá tempo de mudar, para as eleições municipais de 2020, que pelo menos, inova as “fraudes tradicionais”, que até os camelôs dos beiradões conhecem como algo (lamentavelmente ) tradicional .
É triste ver que superamos todas as cidades cenográficas do Brasil, com diferenças: nelas há crescimento econômico dos municípios, como um todo, e, no nosso caso, apenas no patrimônio de 3 ou 4, que já entenderam e dominaram o descontrole e a falta de fiscalização, que estão banalizadas como algo que “não tem conserto, nem nunca terá … Que não tem vergonha nem nunca terá, por que não tem juízo “.
Em tempos modernos, todos querem morar nas cidades do interior que os ASPONES, sempre em cargos comissionados e sem suar a camisa, publicam no Facebook e no Instsgram, que bajulam o “Chefe”, às custas do dinheiro público, enquanto o mesmo recurso que :
  • ergue com tijolos de mentira às “Cidades cenográficas do Amazonas”;
  • Custeia assentos de primeira classe, nos vôos para Brasilia, onde prefeitos, amantes e “vereadores da base”, sempre vão para jantar no Outback ou no Mangai …
Faz muita falta nas “cidades reais” com:
  • transporte escolar superfaturado, e quarteirizado, sem fiscalização do Detran (Onibus, art. 136 /139 do CTB) nem da Marinha (transporte fluvial), que vira mensalinho e remuneração de irmãos e cunhadas de prefeitos;
  • merenda (sempre hiper faturada) de “qualidade”, que só existe nas Notas Fiscais e nos empenhos e que quase nunca se quer chega no interior nas quantidades descritas nas prestações de contas, por omissão dos “Conselhos” (?) Municipais, sempre compostos de apadrinhados;
  • Medicamentos dos hospitais e UBS, que, também só existem nas NF e nas NE, ou no bolso dos Secretarios de Saúde e Prefeitos .
É visível o cansaço da população que atua nessas cidades cenográficas do Amazonas, sem dublê, sem final feliz, e sempre no mesmo papel: o de palhaço da história sem graça.
*O autor é cidadão, advogado e crítico amador de cinema de ficção municipal.