Arthur defende ZFM de ataque de Miriam Leitão durante debate com Dória e Leite

O ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), protagonizou um momento tenso durante o primeiro debate entre os candidatos que disputam as prévias de seu partido para definir o candidato tucano a presidente da República. Foi quando a jornalista Miriam Leitão, habitual adversária do modelo Zona Franca de Manaus, perguntou se não seria melhor redirecionar os recursos que financiam as empresas aqui instaladas para os produtos da floresta. ““e acabarmos com a Zona Franca hoje, a floresta cai, tomba literalmente. Por mais que se critique o modelo, ele é a única fonte de renda que sustenta o povo do Amazonas e o único modelo que sustenta a floresta em pé. Se não tivermos alternativas de curto prazo, vamos ter uma catástrofe social”, respondeu o político amazonense.

O que eu quero é que apressemos a pesquisa, os estudos, os investimentos, que não neguemos participação estrangeira para colocarmos em ação a economia do bionegócio”, acrescentou Arthur. Ele também respondeu ao jornalista Merval Pereira sobre avançar, gradativamente, na economia verde. “Eu entendo que é uma questão custo benefício, os benefícios fiscais para manter a floresta em pé. Isso é muito? Quanto mais pudermos avançar na economia verde melhor, mas de imediato, não temos alternativas”, explicou.

Sobre as propostas concretas para a Amazônia, Arthur Virgílio disse que quer governar com a ciência. “Sem dúvida, marchar para economia verde é uma questão de sobrevivência da nação. Precisamos dar dinheiro aos órgãos de pesquisa, nossos cientistas estão atrasados. Eu acredito que a floresta está se deteriorando e, se nada for feito, antes de chegar ao final, haverá uma intervenção internacional sobre a Amazônia”, alertou.

“Não tem Brasil, se não tiver Amazônia, se não tivermos consciência que a última fronteira de desenvolvimento para o Brasil é o desenvolvimento sustentável, não pode continuar essa farra de desmatamento, de garimpo clandestino. O Ministério da Ciência e Tecnologia tem 1% dos recursos do orçamento. Isso não pode continuar”, concluiu Virgílio.

Para Arthur, existem dois tripés para o desenvolvimento do país. “Na economia, o tripé maroeconômico: com câmbio flutuante, responsabilidade fiscal e inflação controlada. E o tripé macropolítico da diplomacia, ecologia e economia. Esse tripé não pode ser quebrado, de jeito nenhum”, afirmou.

Bom humor

Arthur deu um toque diferenciado ao primeiro debate da disputa interna do partido para escolher o nome que irá concorrer à presidência da República nas eleições de 2022, realizado nesta terça-feira (19.10) pelos jornais O Globo e Valor Econômico. Com bom-humor e momentos de emoção, Virgílio quebrou a rigidez e engessamento característicos de debates eleitorais, provocando descontração, mas também levantando temas importantes ao país e questionando fortemente os seus concorrentes, João Doria/SP e Eduardo Leite/RS.

“Por que não nos concentrarmos e cuidarmos das questões públicas e deixar esses ‘triques-triques’ de lado? Eu quero a unidade do PSDB. As prévias devem ter um limite, que é o de ficarmos unidos para obter a vitória”, afirmou Arthur, que é diplomata de carreira, ex-senador e ex-prefeito de Manaus. “Sou visto como uma árvore solitária, mas as árvores solitárias são as que crescem mais forte”, disse.

Um dos filiados que vivenciou a origem do PSDB, Arthur defendeu que o partido foi o que mais fez coisas boas para o país, como liquidar a hiperinflação, o ajuste fiscal e a Lei de Responsabilidade Fiscal. “Vejo essas prévias como uma oportunidade única de se livrar dos estigmas, de se reafirmar. Prefiro um partido musculoso e pequeno, e não um partido inchado. Tenho muita esperança que o PSDB voltará a ser grandioso”, pontuou.

Quebrando o protocolo

Arthur Virgílio foi o candidato que, em vários momentos, conseguiu quebrar o engessamento habitual de debates, fazendo interação espirituosa com os candidatos e jornalistas, muitas vezes provocando aplausos e risos. Com Eduardo Leite, que chegou a pedir um direito de resposta do candidato do Amazonas, ele foi direto: “Não vou permitir que você saia daqui com raiva de mim. Aliás, amanhã vou lá em Porto Alegre, almoçar às suas custas”, disse com bom humor. Ele se referia a agenda das prévias, que tem um encontro com Eduardo Leite, Pedro Simon e militância do PSDB, em Porto Alegre, nesta quarta-feira (20).

E, em um final emocionado, Arthur Virgílio disse que teve pai e avô senadores que o desaconselharam a entrar na política, mas ele se tornou político por amor e vocação. “Estou na política porque acredito que encontraremos pessoas vocacionadas, capazes de mudar este país”, finalizou.

O Debate promovido por O Globo/Valor é o primeiro da série para as prévias do PSDB e contou com a mediação da jornalista Vera Magalhães, com a participação de jornalistas do grupo.

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