Amazonas, tão rico e tão pobre

Por Coronel Menezes*

Essa semana encerrei mais uma viagem ao interior do Amazonas, o mais belo e rico estado do Brasil, embora, possamos afirmar que essa riqueza não é traduzida em qualidade de vida para os nossos irmãos interioranos, eles caminham sobre a riqueza, mas, vivem na pobreza, vítimas que são de uma grande covardia dos políticos que muito falam e quase nada fazem, são bons nas promessas, agora na concretização das suas palavras, mostram-se incapazes de atender as demandas das pessoas. Os políticos defendem os seus mandatos e não aqueles que lhe concederem através do voto uma espécie procuração para defendê-los.

O Brasil precisa entender que grande parte da solução dos seus problemas começam nos municípios, a origem do sucesso ou do fracasso, está justamente nas cidades, o Amazonas é o reflexo maior dessa minha afirmação, enquanto Manaus tornou-se uma cidade-estado que responde por noventa por cento da nossa arrecadação e concentra sessenta por cento da população do estado, o interior com 61 municípios responde pelo resto, numa equação que não tem como apresentar um resultado positivo que reflete diretamente na qualidade de vida das pessoas, comprometida pela absoluta falta de políticas públicas para desenvolvimento de uma região riquíssima.

Nesta viagem pela calha do madeira, onde começamos por Apuí, depois fomos para Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e por fim Nova Olinda do Norte que já foi visitada por dois presidentes, o último foi Café Filho em 1955, tivemos a oportunidade de conhecer muitos problemas que simplesmente impedem o nosso crescimento e fomentam atividades clandestinas que contrabandeiam a riqueza da nossa região para destinos ignorados (será?), além de beneficiar justamente aqueles que não fazem jus a receber nenhuma contrapartida, estão roubando o Brasil descaradamente, enquanto o povo quer e chega a suplicar apenas por uma coisa: O DIREITO DE PODER TRABALHAR.

Um dos grandes problemas desta região chama-se REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA, quem está de posse da terra e nela quer produzir, não tem título definitivo, dessa forma não tem acesso a crédito, não consegue ter capacidade de investimento para fomentar o seu negócio, outro fator que simplesmente inviabiliza o crescimento e desenvolvimento econômico da região, é a questão das barreiras ambientais, é triste ver e saber como nossos órgãos de controle trabalham contra o nosso estado, lamentável sob todos os aspectos, não é permitido explorar de forma legal as nossas riquezas minerais, um absurdo que assusta qualquer um, petróleo, gás, seixo, potássio, silvinita, ouro, etc etc estão debaixo dos nossos pés e parece que nossas autoridades querem deixar lá, enterrado à custa da pobreza e do abandono das pessoas que habitam o interior, isso não está correto e nem é justo, parece que estamos cercados internamente pelos nossos inimigos, enquanto não se regulariza de modo exequível essas atividades, o nosso ouro, por exemplo, está sendo desviado e contrabandeado sem deixar nenhuma riqueza para o Brasil.

Precisamos construir um novo projeto para interior do estado, aproveitar a vocação econômica de cada cidade, a pecuária, o extrativismo vegetal e mineral, a agricultura, a piscicultura, o turismo ecológico, a pesca esportiva, defender uma linha de enfrentamento com as ONGs e órgãos reguladores ambientais que proporcionem o equilíbrio entre preservação e desenvolvimento, não teremos isso com os nossos atuais parlamentares, esses querem apenas pensar nas suas “emendas” para defender seus próprios mandatos.

O Amazonas precisa de parlamentares com estatura moral para defender um modelo diferente, o que está aí, faliu, não nos levará a nenhum lugar e manterá o interior do estado abandonado e vivendo de migalhas, os interioranos clamam apenas pelo direito de trabalhar e ter uma vida digna e próspera. É preciso ter a CORAGEM PARA MUDAR esse cenário.

Selva!

*Coronel reformado do Exército Brasileiro