A veia ditatorial de Melo

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Leio estarrecido em um matutino amazonense que o governador Melo enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei que propõe acabar com o processo seletivo para indicação em lista tríplice por parte dos servidores para o cargo de presidente das fundações de saúde da estado.

Melo, em cuja biografia não há nenhuma linha que o ligue a atitudes de cunho democrático (há quem diga que quando professor e assessor da antiga UA hoje UFAM, ele dedurava seus colegas de magistério para os generais da ditadura militar), comete mais um atentado contra as instituições públicas especialmente contra os servidores das fundações de saúde, propondo uma medida que de tão pequena e antipática, só guarda parâmetros com o tamanho da sua estatura e do seu caráter político.

Nem inteligente o suficiente é o professor a ponto de enviar esse malogrado projeto à ALEAM logo após a grandiosa manifestação protagonizada pelos servidores no dia 15 de março passado, especialmente aqueles lotados nas Fundações de saúde, demonstrando com isso a visível conotação persecutória que impera na sua mente vingativa.

Desde o início do seu mandato do qual já foi cassado pelo TRE, melo trata com desprezo a saúde do estado relegando a um quinto plano de prioridades essa área de vital importância para o povo, e adota comportamento repugnante ao se negar a receber em seu gabinete dirigentes sindicais e de associações de servidores para, olho no olho, discutirem as reivindicações da categoria.

Alguém tem que dizer para o melo que essa forma de indicação em lista tríplice dos presidentes das fundações de saúde do estado já está enraizada não somente na norma a qual ele quer por vingança pessoal extinguir mas também, na mente e no coração dos servidores e, sedimentada profundamente na cultura de democracia que sempre permeou no seio dessas instituições públicas as quais prestam, cada uma na sua área de atuação, relevantes serviços de assistência, ensino e pesquisa na saúde.

Alguém tem dizer para o melo que enquanto ele maquinava contra seus pares, essas instituições de saúde algumas com mais de 60 anos de vida, já  praticavam democracia interna.

Alguém, que não seja puxa saco ou apaniguado do melo, tem que dizer ao pé do ouvido dele que na Fundação Alfredo da Matta essa forma aberta e madura de, democraticamente indicar em lista tríplice seu diretor, já existe há quase trinta anos.

Alguém tem que alertar o melo, que não será fácil lograr êxito nessa empreitada maléfica que só agora ele  ousou fazer, apenas para retaliar as crescentes manifestações contra seu governo e a favor das justas reivindicações dos servidores como por exemplo, reajuste salarial, respeito ao Plano de Cargos e retorno do vale alimentação.

Alguém tem que chamar a atenção dos deputados estaduais especialmente os da base aliada do melo, que os servidores das fundações de saúde atingidos em cheio por esse projeto de lei que desde já estaremos entrincheirados na luta contra essa medida antidemocrática que fere de morte o pouco que restava de autonomia nas fundações de saúde.

Do ponto de vista político é tão inoportuno e insensato esse Projeto de Lei na medida em que os atuais dirigentes das fundações têm mandatos a cumprir por igual período do chefe do poder executivo logo, melo cujo governo se encerra ano que vem (isso se o TSE não defenenestrá-lo antes) não gozará de nenhum proveito se essa medida exdrúxula for aprovada na ALEAM.

Pergunta que não quer calar: Porquê o melo não age de forma isonômica e  propõe também acabar com as listas tríplices da UEA e  da DPE? Respondo, o melo governador cassado pelo TRE por compra de votos e abuso de poder econômico e político, quer apenas se vingar dos servidores das fundações de saúde tirando destes a possibilidade de indicar em lista tríplice o nome de seu dirigente.

Daqui deste espaço conclamo os atuais presidentes dessas fundações e seus servidores a bradarem contra essa marcha da insensatez melina e pressionarem os deputados para a derrubada desse projeto inoportuno e sem causa.

O que o melo e os deputados têm que se preocupar é com os volumosos desvios de dinheiro público da saúde, do sistema prisional, da educação e da infraestrutura.

O que os deputados têm que pensar e trabalhar é sobre a criação de projetos que ajudem  o Amazonas na retomada do crescimento econômico e social deixando de lado matérias que só contribuem mais ainda com o caos em que a saúde do estado se encontra. Vamos à luta servidores da saúde especialmente das fundações demonstrando nosso inconformismo com esse descalabro de projeto de lei, provando para o melo e para os deputados que nossa unidade será o muro de contenção para o avanço dessa onda de insanidade, baixeza e perseguição por sobre a área da saúde e seus servidores.

Té logo!

*O autor é farmacêutico e empresário

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