A pouco mais de uma semana da eleição, ainda não há favorito para presidente da ALEAM

Tudo leva a crer que a eleição para presidente da Assembleia Legislativa, que ocorre na quinta-feira, 22, será muito parecida com a que ocorreu em dezembro de 1992, quando Manoel do Carmo Chaves se tornou presidente apenas porque era mais velho que Lupércio Ramos. Os dois empataram na votação dos deputados, com 12 votos para cada lado. Foi a única ocasião em que uma disputa tão acirrada ocorreu na Casa.

Àquela altura, os dois principais caciques políticos do Estado estavam brigados. Gilberto Mestrinho era o governador, mas tinha acabado de perder a disputa pela Prefeitura de Manaus, vencida pelo ex-aliado Amazonino Mendes. Os dois decidiram medir forças justamente na Assembleia Legislativa e o “Bôto” só levou vantagem porque seu candidato era mais velho.

Há uma diferença vital entre os dois períodos. Apesar de um pouco desgastado com o eleitorado, Mestrinho não ostentava índices de desaprovação tão grandes quanto José Melo ostenta agora. Justamente por isso, há dúvidas de que o atual governador consiga, como quase todos os seus antecessores conseguiram, emplacar seu candidato. Há grande possibilidade de que, desta vez, um deputado não alinhado ao governo sente na cadeira de presidente, o que significaria um desastre enorme para o Executivo, que acabaria tendo que negociar cada votação na Casa.

Melo firmou três compromissos em sequência e não tem como cumprir todos. Primeiro, para tirar Sidney Leite da disputa pela presidência em 2015, sugeriu que ele fosse para a Secretaria de Produção, em troca de assumir a Aleam na segunda metade do mandato. Depois, prometeu o mesmo a Belarmino Lins, quando este decidiu trocar o PMDB pelo PROS. E por fim comprometeu-se a fazer de David Almeida presidente quando o convenceu a abrir mão da indicação para conselheiro do Tribunal de Contas, em favor de Mario Melo.

Agora, o governador quer cumprir apenas o que acertou com David. Só que há um grupo de deputados resistente à candidatura do líder do governo, por considerar necessário que a Assembleia se afaste um pouco do desgastadíssimo Melo e por entender que, com o governista na presidência, teriam pouquíssima margem de manobra. Seria uma continuidade da gestão Josué Neto, que desagrada a maioria.

Apenas seis deputados comprometidos com Melo por razões diversas já confirmaram apoio a David – os três do PTN (Abdala Fraxe, Francisco Souza e Orlando Cidade), os outros dois do PSD (Ricardo Nicolau e Josué) e o vice-líder Sabá Reis. Bosco Saraiva (PSDB), Sidney e Vicente Lopes (PMDB) tentam convencer os demais a votar em um deles, garantindo a independência da Casa. Belão se posiciona como alternativa, para o caso da candidatura governista não emplacar.

David, entretanto, tem um trunfo enorme: Melo está disposto a entrar com tudo na disputa nesta reta final, usando a máquina para se redimir com vários deputados hoje magoados com ele. Na prática, o governador precisa conquistar mais seis votos para garantir a vitória de seu candidato. Não é exatamente uma tarefa dífícil. Só Arthur Neto, reeleito prefeito de Manaus, teria a capacidade de dificultar as coisas, se decidisse ajudar Bosco Saraiva a conquistar o posto.

Outro fator que pode mudar tudo é o julgamento do recurso de Melo contra sua cassação no Tribunal Superior Eleitoral. Se ele acontecer e o governador for apeado do poder, Vicente Lopes passa a ser o favorito, com apoio do novo chefe do Executivo, que seria Eduardo Braga.

Os próximos nove dias serão emocionantes na Assembleia.

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