Realeza cai na real 

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Não tem jeito! ou vc assiste, ou você é levado a assistir, ou você fica sabendo de tudo sobre um casório real ainda mais se for da Família Real britânica dado que a imprensa tradicional, rádio, jornal, TV, blogs, redes sociais, seu vizinho, amigos, parentes, etc. todo mundo te fala e até comenta com a maior profundidade possível o que se passou, quem esteve presente, as gafes, as ausências sentidas, os vestidos da noiva e das convidadas,  as jóias, as alianças trocadas, os tradicionalíssimos chapéus, os carros, a decoração dos ambientes, os pratos servidos, quem estava chique e quem estava cafona e por aí vai.

Enfim, é uma avalanche de informações e de fofocas girando em torno do fato que é bem capaz de alguém mais ousado até saber o publicar sobre assuntos, fatos e atos da noite de núpcias do casalzinho real. Vejamos!

De tudo o que circunscreveu a cena matrimonial real mais recente, de mim não passou despercebido um fato e seus protagonistas, visto que a quebra da tradição e o ineditismo foram tão gritantes e emblemáticos que só voltando atrás em tantos outros relacionamentos e mesmo casamentos na realeza, para percebermos o quanto a monarquia britânica vem sendo sacudida na sua essência e algumas vezes como esta até de forma positiva. Quero falar da quebra mais profunda dos padrões reais que foi união entre um príncipe real e uma plebeia negra.

Mais do que uma inusitada e inédita união, assistimos alguns fatos que nos devem encantar e fazer refletir não necessariamente nessa ordem, que foram a presença e o belo show de um coral gospel composto por negros americanos, a sincera e profunda homilia feita por um reverendo negro e a presença impoluta e elegante da mãe da noiva cujas raizes negras estão fincadas no estado da Carolina do Norte reduto das lutas contra a escravidão e contra o racismo, fatos estes que rompem tabus e dogmas reais numa eloquente e apraz expectativa de que o mundo muda e pra melhor.

Logo, logo, haveremos de tomar conhecimento de que um  principezinho ou uma princezinha com fenótipos negros estará a brincar, posar pra fotos, tomar espaços e cumprir agendas no seio da família real britânica, até então e por séculos, dominada e marcada majoritariamente pela raça branca, seus costumes, tradições e contradições. Aguardemos!

Té logo!

*O autor é farmacêutico e empresário