Operação “Concreto Armado” deflagra guerra de bastidor entre grupos e pode dar dor de cabeça a Amazonino

O senador Omar Aziz (PSD) não gostou nem um pouco de não ter sido informado com antecedência sobre a operação “Concreto Armado”, levada a efeito pelo Ministério Público do Estado, com participação da Polícia Civil. A suspeita é que houve participação decisiva de membros do atual Governo, para desestabilizar de vez sua candidatura a governador. Por isso, uma guerra de consequências imprevisíveis começa a ser travada nos bastidores, com ameaças de lado a lado.

A primeira consequência da operação pode ser um alinhamento da bancada do PSD na Assembleia Legislativa com a oposição, garantindo maioria necessária até para aprovar o impeachment do governador Amazonino Mendes (PDT), solicitado pelo deputado Sabá Reis (PR) ontem – vale lembrar que o dirigente do partido do parlamentar, deputado federal Alfredo Nascimento, tem bom trânsito com Aziz.

Aliados do senador disseram ao blog agora há pouco que era impossível o vice-governador Bosco Saraiva (SD) não ter sido informado da operação com antecedência. “Isso não aconteceu da noite pro dia. Era preciso mobilizar os policiais e ele comandou a Secretaria de Segurança até bem pouco tempo atrás. Aliás, continua comandando. Então sabia exatamente o que estava acontecendo e não informou ao Omar”, diz uma fonte.

Waldívia assumiu a Secretaria de Infraestrutura do Estado em 2009, último ano de gestão do então governador Eduardo Braga (MDB). Depois, continuou secretária durante toda a gestão do senador do PSD e só saiu em outubro de 2016, depois de ser alvo das primeiras denúncias, já decorrida praticamente a metade da administração de José Melo (PROS). Só que as irregularidades constatadas pela “Concreto Armado” ocorreram entre 2010 e 2016, nas gestões de Aziz e Melo.

Com essa nova operação, a candidatura de Omar Aziz ao Governo do Estado fica praticamente inviabilizada. É que ele foi alvo de delações da Operação Lava Jato – segundo executivos de grandes construtoras, teria recebido propina em troca de generosos contratos com o Estado -, bem como foi citado na Operação Maus Caminhos, que constatou desvios milionários na Saúde. E agora vê outra bomba explodir em sua gestão. Sem contar que foi o principal fiador da candidatura ao Governo de José Melo, hoje ainda preso acusado de envolvimento nos desvios.

Para Aziz, seria fundamental disputar e ganhar a eleição para o Governo, para não cair no ostracismo eleitoral. Por isso a contrariedade com a nova operação e a suspeita de que o atual Governo agiu para inviabilizá-lo de vez.

“É muita coincidência que o governador (Amazonino Mendes) tenha viajado para o exterior justamente na semana em que ocorre a operação. E também é muito estranho que tenha ocorrido poucos dias depois do Bosco (Saraiva) deixar a Secretaria de Segurança”, diz o aliado de Aziz.  “Querem guerra? Pois agora vai ter”, conclui.

Até aqui, Saraiva vinha atuando como uma espécie de ponte entre Aziz e Mendes. Tinha livre trânsito nos dois grupos. A “Concreto Armado” deve mudar essa situação e até reforçar a posição do vice-governador, que luta para ser candidato ao mesmo cargo nas eleições deste ano.

De fato, Saraiva não poderia ter vazado a operação, se tivesse sido informado dela. Se o fizesse, teria cometido um crime. Mas no meio político, essa conduta ilibada sempre tem uma interpretação diferente.

Antecedente

No último dia 8 de abril, um programa de TV nacional denunciou que o Governo do Estado bancou o tratamento de várias pessoas influentes no hospital Sírio Libanês, o melhor do país, em detrimento de milhares que aguardam atendimento na rede pública local. A atual administração se apressou em colocar a culpa nas antecessoras.

Trata-se de mais um indicador, para o grupo de Aziz, de que há uma campanha coordenada para desgastar o senador e impedir que dispute o Governo.

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