O projeto de poder do grupo A Crítica e as reputações em perigo de todos os que o ameaçam

O grupo empresarial que comanda o jornal A Crítica, as televisões e rádios agregados, sempre teve o sonho de conquistar o poder político no Amazonas. Esteve perto disso em 1990, quando o empresário Umberto Calderaro Filho, então presidente da Rede que ostenta seu sobrenome, foi convidado pelo então governador Amazonino Mendes para ser o seu candidato ao Governo do Estado. A ideia não prosperou. Hoje, os dirigentes do conglomerado elegeram o radialista Wilson Lima como seu ponta de lança e vão atacar qualquer um que atravessar o caminho dele, como ocorre agora com o deputado David Almeida.

Ao contrário da Rede Amazônica, detentora do sinal da Rede Globo no Amazonas, a Rede Calderaro sempre quis influenciar nas decisões políticas do Estado e chegou a protagonizar várias eleições, colocando-se como uma espécie de candidato paralelo, sempre a serviço de um projeto de poder. Jamais conseguiu, entretanto, emplacar um nome que tivesse ligações umbilicais com a RCC.

Em 1990, este blogueiro era editor de Política do jornal A Crítica, quando Calderaro decidiu se anunciar como candidato ao Governo. A ideia foi lançada por Amazonino, que concluía a sua primeira passagem pela administração estadual e tinha a intenção de se liberar da influência de seu mentor, Gilberto Mestrinho. A candidatura do dono do jornal não durou dois meses. O “Bôto” engoliu o “Negão” e este foi obrigado a retribuir o apoio que recebera quatro anos antes, devolvendo a gestão ao padrinho.

Dois anos depois, A Crítica embarcou de malas e bagagens na campanha do deputado federal José Dutra à Prefeitura de Manaus, contra Amazonino, então senador. O jornal publicava páginas inteiras atacando o “Negão”, que havia se transformado no maior adversário da rede de comunicação, depois de refugar da ideia de lançar Calderaro ao Governo. Não deu certo. Amazonino venceu.

Em 1995, Calderaro faleceu e sua esposa, Rita, assumiu a presidência do grupo. A filha, Cristina, tornou-se de fato a comandante da Rede, evitando o protagonismo político por uma década.

Foi só em 2006 que a RCC voltou a tentar influenciar decisivamente em uma eleição estadual. Aliando-se ao antigo adversário, Amazonino, confrontou o então governador, Eduardo Braga, desafiando-o publicamente. Na época, ficou conhecido o episódio em que A Crítica anunciou, durante um mês, a divulgação, às vésperas da eleição, de um dossiê contra o mandatário, a “pasta rosa”. Não deu certo novamente. O adversário foi reeleito.

Desde então, a rede voltou a ser apenas coadjuvante nas eleições. E o jornal do grupo entrou em decadência, em função do advento das redes sociais e do crescimento exponencial da blogsfera.

Há cerca de quatro anos, o grupo redimensionou os investimentos, com prioridade para a televisão A Crítica, retransmissora da Rede Record. O jornal chegou a demitir seus principais profissionais e entrou definitivamente em crise, atrasando salários e promovendo novas demissões.

Wilson Lima, paraense radicado em Manaus, passou a ocupar posição de destaque tanto na TV, onde apresenta um programa popular no horário de almoço, quanto na rádio A Crítica FM, onde apresenta o noticiário da manhã. Ele preencheu uma lacuna deixada pelos grandes nomes da TV local, como os irmãos Wallace e Carlos Souza; o ex-vice governador Henrique Oliveira; o deputado Sabino Castelo Branco e o atual vice-prefeito de Manaus, Marcos Rotta.

Lima passou a ser a grande atração dos programas populares de TV e, impulsionado pela rede, decidiu aventurar-se no campo político. O início, entretanto, foi mal sucedido. Ele tinha sido escolhido para ser candidato a vice-prefeito de Manaus em 2016, na chapa com o então deputado Marcelo Ramos. Foi atropelado pelos acontecimentos e acabou apeado do posto para dar lugar ao deputado Josué Neto.

Em fevereiro, apareceu na frente em uma pesquisa de intenção de votos para o Governo do Estado, mas o meio político interpretou o resultado como uma “forçação de barra” do instituto, cujo dono é conhecido pelo atrelamento a grupos políticos. Ainda assim, seu desempenho passou a chamar atenção. Hoje, ainda aparece entre os primeiros colocados, mas é um ilustre desconhecido da grande maioria dos eleitores do interior, aonde o sinal da TV A Crítica não chega.

Ainda assim, a RCC vê em Lima uma chance real de ascender ao poder, se não agora em 2018, talvez na eleição para a Prefeitura de Manaus em 2020. Para isso, é preciso desgastar ao máximo a imagem do atual prefeito, Arthur Virgílio Neto, desafeto da vez do grupo, e de quem mais ousar atravessa o caminho do radialista, como o presidente da Assembleia Legislativa, David Almeida, que divide com ele os votos destinados ao “novo” nesta e nas próximas eleições.

David foi duramente atacado pelo jornal ontem, com uma “denúncia” requentada, que já havia sido divulgado em portais de notícias anteriormente, mas não “colou”. Como este, vários ataques ainda virão nos próximos três meses, até que se escolha o novo governador.

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Este post tem um comentário

  1. Anônimo

    Não tenha medo Davi, sabemos que o senhor Deus esta conduzindo sua vida e todos os seuseus projetos.
    Não te disse eu, se forte e corajoso.

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