Minha ridícula carta de amor…

Por Carlos Santiago*

Sempre achei difícil a definição de amor. O poeta português Luís de Camões disse que o “amor é fogo que arde sem se ver (…) é querer estar preso por vontade”. O apóstolo Paulo na carta aos Coríntios, capitulo 13, traduz o sentimento do amor como algo que “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta (…)”.

Não… não tenho e jamais terei o talento dos poetas renascentistas e nem dos sábios bíblicos para traduzir ou definir o Amor. Mas tem algo em mim que deixa o meu o coração mais barulhento, a minha mente inquieta, a alma angustiada e uma felicidade sem fim, ainda mais quando penso naquela mulher, que mexe com as minhas fantasias e me incita aos melhores desejos na vida.

Então resolvi lhe escrever uma carta de amor. Bem boba e ridícula como toda carta de amor, segundo as escritas do poeta português Fernando Pessoa. Nela, em tom emotivo, narrei meus sentimentos humanos, nem sempre confessáveis ao público: fantasias sexuais e decepções com a vida; conquistas e frustrações; angústias e alívios; qualidades profissionais e adjetivos pessoais; pouco caprichei nos defeitos, mas utilizei palavras escolhidas, objetivando impressionar a amada.

Finalizei decifrando a beleza do corpo e da alma dela e, pedindo uma chance, uma aproximação bem intensa, além de desejar educadamente um bom final de semana. Depois, com selos enfeitados de corações, fiz a postagem com a esperança de uma criança.

Dois dias depois, os correios manda avisar que eu tinha esquecido o nome e endereço da destinatária. Poxa! Cá estou agora na busca do endereço de destino dela.

Isso tudo me faz lembrar, novamente, o poeta Fernando Pessoa, quando cita: “são ridículas as cartas de amor (…) mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas”.

*O autor é sociólogo e advogado

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