Marielle, presente! Anderson, presente!

Por Robson Roberto*

Em 14 meses de mandato, Marielle apresentou 13 projetos de lei. Saúde da mulher foi uma das pautas mais defendidas por ela. “Se é Legal, tem que ser Real” era o nome de um projeto para informar mulheres sobre as situações em que fazer aborto é está dentro da lei, como anencefalia e estupro. Ela também pretendia criar o Dossiê da Mulher Carioca, que reuniria informações sobre violência de gênero na cidade. Outro projeto de destaque sugeria a criação do “Espaço Coruja”, um local onde mães e pais pudessem deixar seus filhos para estudar ou trabalhar à noite – ela mesma engravidou aos 18 anos e só  conseguiu retomar os estudos dois anos depois.

Em setembro do ano passado, Marielle conseguiu aprovar um projeto de lei para a construção de novas casas de parto e centros de parto normais atreladas a hospitais para atender mulheres grávidas e no período pós-parto. Seu trabalho mais recente, que ainda não entrou em tramitação, pretende valorizar o funk carioca como movimento cultural. Durante o evento com outras mulheres negras, Marielle mencionou que decidiu se dedicar à luta pelos direitos humanos após ingressar em um curso pré-vestibular comunitário. Ela se formou em Sociologia pela PUC-RIO com bolsa integral e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação, “UPP: a redução da
favela a três letras”, já discutia a complexa relação da polícia nas comunidades.

Em setembro do ano passado, Marielle conseguiu aprovar um projeto de lei para a construção de novas casas de parto e centros de parto normais atreladas a hospitais para atender mulheres grávidas e no período pós-parto. Seu trabalho mais recente, que ainda não entrou em tramitação, pretende valorizar o funk carioca como movimento cultural. Durante o evento com outras mulheres negras, Marielle mencionou que decidiu se dedicar à luta pelos direitos humanos após ingressar em um curso pré-vestibular comunitário. Ela se formou em Sociologia pela PUC-RIO com bolsa integral e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação, “UPP: a redução da
favela a três letras”, já discutia a complexa relação da polícia nas comunidades.

A QUEM PODERIA INTERESSAR A EXECUÇÃO DA VEREADORA?

A resposta é simples: àqueles que estão tendo seus negócios atrapalhados pela intervenção federal. Isso é de uma clareza inquestionável. E quem repudia a ação no Rio? Além dos esquerdistas — e Marielle era uma delas —, contam-se os traficantes, a banda podre da polícia e as milícias. Vale dizer: as expressões do Estado paralelo que ainda dominam a cidade precisavam de um evento forte o bastante para ver se conseguem criar uma onda de opinião: “Ah, essa intervenção é inútil”. Qualquer indivíduo razoável logo chega à conclusão de que tal ousadia homicida só reforça a necessidade da intervenção. E as esquerdas, como razoáveis não são, já estão a concluir o contrário.

Marielle é uma das estrelas daquele vídeo moralmente doloso contra a intervenção, produzido pelo tal “Coletivo 342”. Afirma ela: saída, note-se que nem ela nem seus companheiros de vídeo atacam o narcotráfico ou mesmo as milícias. Os alvos são as forças oficiais de segurança. Ela insiste no erro clássico das esquerdas de confundir pobreza com crime e de achar que a repressão à bandidagem pode ser substituída pelo lápis. Obviamente, Marielle não estava reconhecendo quem era, de fato, o inimigo. Mas o inimigo sabia muito bem quem ela era. Com a ligeireza que as esquerdas costumam ter ao atacar pessoas e instituições, ela escreveu no Twitter:

“Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”

Notem: não havia e não há ainda nenhuma evidência de que o tal rapaz tenha sido morto pela Polícia ou que a ocorrência esteja relacionada à intervenção, mas é essa a ilação evidente que vai em seu texto. Não descarto que, ao indagar “quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe”, ela tenha se colocado na alça de mira do crime organizado. Não! Isso não a torna responsável pela própria morte: isso passou a fazer dela, ainda mais do que antes, um alvo preferencial porque, por óbvio, a repercussão seria, como está sendo, gigantesca.

É compreensível que se cobre da Polícia e da força interventora todos os esforços e dedicação possíveis para chegar aos autores desse desatino. Não custa lembrar, no entanto, que o Estado que está sob intervenção, na sua área de segurança, abrigou em 2016, em números já consolidados, 5.300 assassinatos. A esmagadora maioria segue sem autoria identificada. Caso não se chegue aos responsáveis pela morte de Marielle, isso não será exceção, mas regra.

Esse é o País que vivemos. Nada mais atual do que ler o poema muito atual de Renato Russo “Que País é esse?”. Uma vergonha generalizada. STF e todo Judiciário, o Executivo e Legislativo, não necessariamente nessa ordem. Os três Podreres, digo, Poderes que colocam em uma situação perigosa a verdadeira ameaça do Estado Democrático de Direito.
É hora de mudar tudo. Então vamos lá? O que estamos esperando? Há sim, tá certo, outubro o mês das Eleições. Então nos encontraremos lá.

E que Deus nos abençoe.

*O autor é empresário, urbanista, consultor e contabilista