Constituinte é a única saída

Por Ronaldo Derzy Amazonas*

Vou logo adiantando que meus artigos refletem tão somente a minha opinião sem o cabotinismo de possuir conteúdo especializado ou padrão para consumo desse ou daquele segmento de leitores ou cidadãos. Desejo apenas com meus escritos, aguçar a mente e até posições opostas para que um debate construtivo  seja inaugurado sobre o tema proposto.

Essa introdução é necessária precisamente para o assunto que pretendo abordar visto que se refere ao grave e tormentoso momento de incertezas políticas que o Brasil atravessa quando veio à tona a propagada deleção de um empresário metido até o cangote em crimes financeiros e relações políticas subterrâneas com partidos, parlamentares e ex presidentes da república e que construiu um império empresarial às custas de financiamentos obtidos de entidades oficiais negócios sobre os quais pairam densas e escuras nuvens de dúvidas sobre a licitude das bilionárias operações efetuadas.

No curso da famosa operação lava a jato que luta para passar a limpo um país carcomido pela corrupção, fomos todos surpreendidos(se é que surpresa ainda é um termo apropriado nessa altura dos acontecimentos) pelo conteúdo de uma armação/delação/gravação efetuada e acolhida tanto pela PGR quanto pelo STF a qual tem como personagem central nada mais nada menos que o próprio Presidente da República.

O que veio à tona por meio dessa gravação revirou o país política e socialmente de tal forma que será muito difícil a sustentação do governo Temer mesmo que as tentativas de justificar o absurdo erro cometido de receber e ouvir um reconhecido falastrão e criminoso empresário que se gaba de ter eleito e comprado centenas de políticos nos últimos quinze anos.

Não há mais volta para essa gestão que já vinha na esteira de dois governos cujos históricos de desmandos e corrupção não deixam a menor saudade no povo brasileiro por terem protagonizado as mais abjetas falcatruas e os mais vergonhosos escândalos políticos da história recente do nosso país.

Se a economia vinha dando sinais (o que é verdade) de recuperação com a queda dos juros, com a retomada do nível de emprego, com o dólar e a inflação sob controle, isso por si só não serve de escudo para encobrir delitos ou paralisar investigações sobre quem quer que seja pois o Brasil deve e precisa ser passado a limpo.

Entretanto, essa mais recente crise que vem à baila com a delação do empresário em causa, lança o país numa espiral de incertezas políticas e econômicas com o enfraquecimento do governo que perde sustentação parlamentar, sofre o abandono de siglas coligadas e a entrega de ministérios por parte de aliados, mergulhando o Brasil numa profunda e crescente instabilidade cujo desfecho sabemos bem qual será.

Nesse sentido, penso que só há uma saída para esse momento de profunda decadência moral da política, dos partidos, das instituições legislativas e judiciárias nacionais qual seja, a convocação de uma constituinte exclusiva com plenos poderes para reformar profundamente nossa constituição.

Vou mais fundo ainda no assunto, essa constituinte exclusiva deverá ser proposta, analisada, discutida e aprovada por cidadãos de irrepreensível conduta política e social e entidades da sociedade civil sem nenhuma participação de parlamentares para que o debate das ideias não seja contaminado por interesses escusos e, os avanços propostos, não sejam travados por questiúnculas corporativas próprias daqueles que costumam olhar apenas para os próprios umbigos deixando os interesses do país e da nação em último plano como sói ser quando parlamentares e partidos são chamados a propor e votar melhorias e avanços em favor do povo,

Antes que os sonháticos de sempre pensem em saídas heterodoxas para mais uma crise que atravessamos, sugiro que a sociedade civil tão descrente com a classe política seja a única protagonista nesse processo de retomada da vergonha e do sonho por um país livre politicamente, rico economicamente e justo socialmente.

Constituinte exclusiva já!

Té logo!

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