Católicos tradicionais reclamam da presença de umbandistas em celebração, mas Igreja minimiza polêmica

Desde a última terça-feira, 5, está aberta uma polêmica entre fiéis da Igreja Católica de Manaus, depois que adeptos de religiões afros participaram de um novenário na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, dentro dos festejos da padroeira do Amazonas.

Católicos tradicionais, ligados ao Conselho de Benfeitores da Matriz, não gostaram da iniciativa, tomada pelo pároco da congregação, padre Joaquim Hudson Ribeiro, e pelo padre Claudi Gonçalves da Silva, membro de uma ala mais progressista da Igreja.

Os críticos da iniciativa são contrários ao sincretismo religioso, pregado principalmente pelos praticantes das religiões afros, que adotaram santos católicos como orixás – caso de Nossa Senhora da Conceição, Oxum para os praticantes da umbanda.

Segundo essa ala mais tradicional dos católicos, a Igreja já havia adotado medidas para evitar que seus templos fossem usados para celebrações afros, como ocorreu na Bahia, onde a tradicional lavagem das escadarias da Matriz de Nosso Senhor do Bonfim é decorrência da proibição da utilização da Igreja para a prática do sincretismo religioso.

Veja um texto publicado pelo farmacêutico e empresário Ronaldo Derzy Amazonas em seu perfil nas redes sociais, representando a ala mais conservadora da Igreja Católica:

“Muito triste de ver o altar sagrado da nossa igreja matriz da Conceição sendo ocupado e até profanado por uma celebração desnecessária, temerária e lamentável.

Esse tipo de inculturação em nada constrói unidade pois o diálogo interreligioso deve ser no campo político e não no sagrado; essa atitude só serve para a prática do proselitismo das minorias religiosas; essa misturada não converte ninguém, não agrada a Deus e só serve para que minorias religiosas, políticas ou sociais se utilizem delas para divulgação dos seus cultos, crenças e costumes os quais em nada agregam ao cristianismo.

Lamentável sob todos os aspectos.

D. Sérgio Arcebispo de Manaus, se omitiu qto ao movimento GRITO PELAS FAMÍLIAS qdo recebeu o Projeto para realização de uma marcha cristã que juntaria católicos e protestantes no dia 15/12 contra a identidade de gênero, contra o aborto e contra o divórcio, entretanto, apoia esse tipo de sincretismo religioso abominável.

Talvez o próximo evento nos átrios da nossa catedral seja uma missa LGBT a despeito de proteger, naturalizar e demonstrar mais uma vez que a relativização tomou conta da igreja católica de Manaus.

Oremos!

Nossa Senhora da Conceição Rogai por nós

Sds Ronaldo Amazonas”

OUTRO LADO

O arcebispo metropolitano de Manaus, dom Sérgio Castriani, que não participou da celebração – ele teria sido voto vencido, segundo os católicos tradicionais -, manifestou-se, por meio de sua assessoria de imprensa: “Não foi uma celebração umbandista. Foi uma celebração católica. Religiosos de  matriz africana foram convidados a participar”, disse ele.

A assessoria afirmou ainda que, “a princípio, (a celebração) foi uma atitude de unidade, ato contra intolerância religiosa”. Acrescentando que “foi um dia da novena de Nossa Senhora que contou com a presença deles”.

Católicos progressistas defendem a iniciativa e dizem que a Igreja não pode se fechar à comunidade, nem bater a porta para praticantes de outras religiões.

Para comprovar que a iniciativa partiu da Igreja Católica e não dos cultos afros, a assessoria enviou uma cópia do convite para o novenário. Veja abaixo:

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