Cai o nível de empregos na Zona Franca e economista defende criação de ambiente político positivo

Apesar do Brasil ter gerado 34.253 novos postos de trabalho no mês de maio deste ano, de acordo com o Ministério do Trabalho, na Região Norte houve retração das vagas de trabalho, com 1.024 postos a menos. Somente o Polo Industrial de Manaus (PIM) fechou com saldo negativo de 686 pelo quarto mês consecutivo.

Embora otimistas, os economistas ainda analisam tais números com certa prudência. “Observamos que no cenário nacional a maior quantidade de empregos gerados foi no setor agropecuário (com mais de 46 mil novos postos), o que não necessariamente indica uma recuperação da economia, mas sim a necessidade de suporte nos períodos de safra ou colheita e que podem não ser empregos que se manterão após esse período”, analisa o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM), Nelson Azevedo.

Já os números negativos na economia local indicam que a indústria ainda está em processo de recuperação e que há muito ainda para retomar o processo de crescimento. “A grande maioria das indústrias do PIM produz bens de consumo final e seus números refletem que na média o consumo ainda não está normalizado. Se a indústria não produz, não emprega e se não emprega, não gera renda, perpetuando a situação atual”.

Mesmo nesse período atual, avalia o presidente do Corecon, a roda da economia continua girando ao contrário. Mas explica que com as medidas econômicas que estão sendo tomadas pelo Governo Federal deve-se, aos poucos, estabilizar para uma possível recuperação, pelo menos, a partir deste segundo semestre do ano, contando com algum crescimento a partir de 2018. “Porém, os Governos Estadual e Municipal também têm que fazer a sua parte. A economia é um processo dinâmico. Se tivermos um ambiente bom economicamente e politicamente, favorável para os investidores, a indústria tende a se recompor rápido e o emprego a crescer”, destaca.

Ele ressalta que o ambiente de negócios pode melhorar, resultando na instalação de novas empresas no Polo, melhorando, por exemplo, a questão logística, já que o Estado é isolado do restante do País. “Temos uma necessidade premente, que se chama BR-319 (até hoje, não foi concluída). Nossos rios, que são nossas estradas, não têm sinalização. Temos problemas com energia elétrica. É um insumo de grande importância. Temos que melhorar ainda a nossa comunicação, principalmente, com internet, estando conectado com o mundo. E tem que funcionar de verdade, melhorando todo o sistema operacional”.

Nelson Azevedo também aponta algumas alternativas econômicas para o Amazonas deixar de ser tão dependente da Zona Franca de Manaus. Ele cita que é possível desenvolver a parte da mineração, com o potássio e a silvinita, como ainda o nióbio, que está 98% na região. Além disso, fala da necessidade de se utilizar da biodiversidade regional, desenvolvendo a indústria de fármacos, bem como da fruticultura, para atrair empresas que podem fazer o beneficiamento dessa matéria-prima, como laranja, abacaxi, e da piscicultura.

“Em 2015, por exemplo, o Município do Rio Preto da Eva, no Amazonas, produziu em torno de 15 mil toneladas de tambaqui, sendo considerado o maior produtor do País”, dispara ele, enfatizando ainda que outro segmento muito importante que deve ser alavancado é o polo naval, com definição de regras locais, para complementar o modelo existente. “Mas tudo é vontade política. Por isso, defendo que todos os gestores devem abraçar um partido chamado Amazonas, unindo a sociedade, as representações de classe, o executivo, o legislativo, o judiciário. Somente assim, acabam os gargalos, amplia o desenvolvimento e cresce o emprego e a renda”, finaliza.

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