As muitas faces da violência

Por Ronaldo Derzy Amazonas*
Eu sou violento, tu és violento, ele é violento…. Todos somos violentos.
A banalização da violência é tamanha que muitos dos que lerem esse início do meu artigo haverão de me ter por doido ou psicopata.
Nem uma coisa nem outra! E insisto que a violência está presente e agindo a cada minuto na vida de cada ser humano à medida em que determinadas atitudes que adotamos no dia a dia corroboram com minha assertiva senão vejamos:
1. Como é seu comportamento no trânsito quando trancado, ultrapassado, fechado, multado?
2. Qual sua atitude ao ser abordado por um mendigo ou morador de rua? É de acolhimento, de ajuda ou de repulsa?
3. Se seu filho chora demais, fez xixi no carro, pede coisas de você no supermercado, quer soltar a mão de você na rua, como você reage?
4. Seu vizinho liga o som da casa ou do carro alto demais qual sua reação?
5. Você da sempre lugar aos idosos nos transportes, eventos, lugares públicos?
6. Como é sua relação diária com seu cônjuge? É de respeito e paciência totais?
7. Você é tolerante com as pessoas cuja opção sexual foge aos padrões sociais dominantes?
8. Qual sua opinião e atitudes em relação àqueles que professam religiões e seitas contrárias à sua fé?
9. Você ainda vota e escolhe candidatos envolvidos em esquemas ilícitos ou sabidamente corruptos?
10. Você é muito apegado aos bens matérias e acumula riquezas e provisões além do que precisa pra viver bem?
11. Qual é o seu comportamento com seus empregados no dia a dia? É de respeito nas relações trabalhistas, de amparo e de tolerância?
12. Você age com respeito e tolerância às pessoas de cor ou raça ou etnia diferentes da sua? E sobre os estrangeiros o que você pensa?
13. Você já abandonou seu pai ou sua mãe ou segregou-os do convívio social?
14. Qual a sua percepção sobre os cuidados com nossa fauna e nossa flora ou com nosso planeta como um todo?
15. Você é a favor do aborto e já orientou alguém para fazer?
16. Enquanto autoridade em quaisquer campos da atuação social você pratica o bem e age ética e moralmente com justiça?
Bem, se cada um pratica ou deixa de fazer ao menos um desses exemplos acima assuma que você ou é violento ou está alimentando a violência de forma indireta.
Pois foi para provocar um amplo debate e reflexão na sociedade que a CNBB acaba de lançar a Campanha da Fraternidade de 2018 cujo tema é ‘Fraternidade e superação da violência’ e o lema: ‘Vós sois todos irmãos’ (Mt 28,3). Um dos objetivos este ano é “construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”.
Os quase 60 mil assassinatos em 2016, as mais de 47 mil mortes no trânsito em 2017, os 51 mil estupros a cada ano, as centenas de milhares de agressões aos idosos, a violência contra as crianças, indígenas, estrangeiros, negros, homossexuais, as brigas com morte no trânsito, a violência contra o trabalhador no campo e na cidade, a destruição da floresta, o tráfico de animais, de seres humanos e de drogas entre outras mazelas sociais, colocam o nosso país no mapa negativo entre as nações mais violentas do planeta a exigir de cada cidadão uma parada para exame de consciência e tomada de atitude caso não queiramos entrar para as estatísticas cruéis como mais uma vítima dessa onda incessante e crescente de violência que assola o país que acaba de adotar uma atitude extrema e duvidosa de intervenção no sistema de segurança de uma unidade federativa de há muito presente nos noticiários como a capital mais violenta do Brasil.
Como cristãos e cidadãos de bem haveremos de assumir nossa condição de instrumentos de evangelização e sermos canais e exemplos de dignidade para que povo e país, nação e estado, comecem a construir um caminho de justiça e paz, binômio inquebrantável para uma nova ordem social mais fraterna.
Té logo!
*O autor é empresário e farmacêutico