A ditadura de gêneros nos tempos atuais

Por Robson Roberto*

A desigualdade entre homens e mulheres é um dos maiores abismos que separam a sociedade contemporânea da igualdade. O estigma do sexo frágil, a desigualdade salarial, o ideal de dona de casa exemplar, muito difundido no século XX, e o machismo a que são submetidas são problemas cotidianos de muitas mulheres. Vale ressaltar que a comunidade LGBT também é marginalizada por causa dos estereótipos impostos para a manutenção da desigualdade. Claro que não podemos reconhecer os excessos expostos pelas mídias dominantes no Brasil, colocando a questões que espoem principalmente nossas crianças que ainda não possuem o poder do discernimento. 

No entanto também de forma até contraditória de muitos não aceitarem a vontade de cada um. O fato de não concordar não pode ser confundido com a aceitação de viver de cada ser humano e aceitarmos que o mundo mudou. Nós temos nesse momento que aceitar cada um como são e não como queremos que elas sejam.  Simples assim.

A sociedade patriarcal sempre subestimou e subjugou as mulheres: um recorte histórico, seja diacrônico, seja sincrônico, leva-nos à mesma conclusão. O esforço feito para a construção da dicotomia homem versus mulher culminou em papéis sociais bem atribuídos e delimitados a cada um. Em pleno século XXI, é comum, mesmo depois de todos os avanços tecnológicos, do boom pós-guerra e do progresso das sociedades, que mulheres sejam tolhidas de direitos por conta do privilégio dos homens.

Entretanto, engana-se quem pensa que não há forte oposição a esse sistema. O movimento feminista ganha força dia a dia. A luta pela equidade de gêneros se consolida e ganha apoio não só de mulheres, mas de homens também. No último mês, ocorreu no EUA, a Women’s March (traduzida como Marcha pelas Mulheres), que contou com a presença de famosas como Miley Cyrus, Madonna, Ariana Grande e mais 500 mil pessoas. A manifestação tinha como objetivos a reivindicação da igualdade de gêneros e o apelo ao novo ocupante da Casa Branca, que não é simpatizante da pauta: Donald Trump.

Não se pode esquecer que a questão de gêneros transcende a dicotomia homem X mulher: ela se associa à capacidade e à possibilidade de um ser construir sua identidade. Portanto, a comunidade LGBT está intimamente ligada a esta luta de equidade de gêneros para a obtenção de direitos civis. Pessoas trans foram contempladas, recentemente, com o direito do uso do nome social na hora da matrícula em algumas universidades e concursos públicos; e o Facebook reorganizou as definições de gêneros para os usuários, o que elucida algumas conquistas dessa incansável militância.

Portanto, se pensarmos como Simone de Beauvoir, os padrões de gêneros não são biológicos, mas sociais, logo, podem ser redefinidos. Num  Estado dito laico como o Brasil deve no mínimo respeitar querendo ou não  faça valer o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira.

Assunto difícil, de grande controvérsia, mas que não podemos nos omitir a debatê-lo de ser discutido ainda mesmo que de forma amadurecedora  e que as diversas religiões devem se ater a ouvir mais a sociedade e seus seguidores.

Torço muito para que essa discussão ainda evolua positivamente em prol de uma sociedade igualitária. Tipo aquela que ao longo dos séculos debatemos, tipo a diferença e desigualdade entre Ricos e Pobres. Que numa análise básica é a mesma coisa.

*O autor é empresário, consultor e contabilista